quinta-feira, 28 de junho de 2007

Forte de São Lourenço da Barra de Faro

Fortaleza de Sao lourenço desenho de Vasconcelos, José de Sande, [1730-1808]

... Estas fortalezas eram construídas na sua maior parte com matérias de pouca consciência areia, faxina ou madeira e tendo como alojamentos cabanas de junco e de taboado, estas baterias tinham em geral poucos anos de duração, devido não só à fúria do mar, mas também dos ventos.
Não era antiga a fortaleza de São Lourenço da Barra de Faro, pois a construção foi iniciada no ano de 1653, sob a direcção e desenho do engenheiro Pedro de Santa Colomba, durante o reinado de D.João IV e quando era governador o capitão general do Algarve o conde de vale de reis.

Situada na barra de faro e em chão de arei, a base das suas fundações assentava em grossas traves de pinho, conforme consta da carta do conde de vale de reis para o monarca, referente a 13 de Abril de 1654. ate essa data já se haviam afundado na areia 2000 traves de pinho e ai se vai trabalhando com o calor e por todo o mês de Maio estará capaz de artilharia, um dos quatro baluartes de que se compõe e se entende em dois anos se poderá acabar toda a fortificação.

Também na Torro do Tombo, no Maço nº625, nos papeis do ministério do reino existem documentos datados de lagos a 22 de Junho de 1754, sobre a visita e inspecção que ate ao dia 4 desse mês fizera a todos os pontos fortificados do litoral algarvio o capitão general do reino D.Rodrigo António de Noronha e Meneses e uma planta da fortificação desenhada pelo sargento Mor Engenheiro Romão José do rego e outra da ria de Faro - Olhão por Francisco Lobo Cardinal.
Na planta desenhada pelo Sargento-Mor Romão José do Rego que tudo indica tenha acompanhado o Governador na sua digressão, a fortificação apresenta a traça de uma quadrado de lados iguais, de 15 varas de comprimento, coma bateria voltada ao mar à direita da porta de entrada, os quartéis do lado oposto e ao fundo e em frente à porta uma ermida. Tinha 3 peças de Artilharia, de bronze, montadas na bateria, uma de calibre 3 em bom estado de conservação, outra de calibre 5 e mais outra de calibre 3 todas incapazes de serviço.
No interior da fortaleza existiam mais 3 peças de ferro de calibre 18 que haviam sido trazidas da Bateria da Armona, que se desmoronara pela acção do mar.
Nas anotações feitas na Planta, o sargento-mor Romão José do Rego esclarece que a construção estava em muito bom estado de conservação mas mal situada, pois a barra de faro, para a defesa da qual fora feita, lhe ficava a mais de meia légua de distancia.
Embora em muito bom estado de conservação mas quase inútil para o fim que fora construída a defesa da barra de faro que então se encontrava noutro local a fortaleza de são Lourenço veio a ter praticamente um fim no dia 1 de Novembro de 1755 com a violência do terramoto e sobretudo a violência das ondas do mar que quase arrasaram por completo, deixando-a quase inabitável , pelo que o capitão foi viver para Olhão, ficando apenas 8 soldados que se rendiam 8 em 8 dias.

A ultima informação sobre o funcionamento da fortaleza é datada de 1825 num oficio do governador da praça de faro, a cuja a jurisdição o local da fortaleza pertencia, endereçado ao brigadeiro Duarte José Fava, era a 27 de Maio de 1825 comunicado que esta se encontrava ao abandono.

Hoje em dia se alguém fizer uma tentativa de verificar o local que esta coberto por agua, ainda se pode avistar algumas rochas da fortaleza principalmente em maré vazia e ate as bocas de fogo.


Excertos retirados dos Apontamentos para a Historia das Fortificações da Praça de Faro – Separata nº VIII dos “Anais do Município Faro” 1979 por Carlos Pereira Callixto
impressão Tipografia União.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Batalha do Cabo de Santa Maria em Faro


A Explosão da nau "Nuestra Señora de las Mercedes" (1804)
A 7 de Agosto de 1804 a fragata espanhola de 38 canhões Nuestra Señora de las Mercedes largava de Montevideo para Cadiz, na companhia das fragatas Clara e Fama e sob o comando Dom José de Bustamante, levando a bordo 247 tripulantes e 41 passageiros.A 5 de Outubro de 1804 amanheceram defronte da costa do Algarve, vendo-se a Serra de Monchique a sete léguas a nor-nordeste da posição dos quatros navios. Mas não foi só a serra aquilo que se viu no horizonte: também do lado de terra, avistaram a barlavento quatro navios que se dirigiam na sua direcção, navegando ao largo em boa velocidade.Eram os ingleses Indefatigable, Medusa, Amphion e Lively, sob o comando de Graham Moore. Iniciadas as hostilidades, e quase que ao primeiro tiro de canhão, eis que um pelouro cai na santa bárbara da Mercedes: o navio pulveriza-se a partir das suas águas mortas, indo imediatamente para o fundo o porão onde se alojava a carga. A flutuar permaneceu apenas parte da popa, onde se agarravam desesperadamente os 52 sobreviventes da explosão.Passada de boca em boca, a história da Mercedes foi ganhando contornos míticos, com o valor da sua hipotética carga a aumentar exponencialmente com o passar dos anos e das histórias. Embora os oficiais ingleses tenham estimado a posição da batalha com algum rigor - entre oito e dez léguas a sudoeste do Cabo de Santa. Maria, na posição 36º26’N e 7º40’O – o local do afundamento permanece ignorado até hoje. Num conhecido pesqueiro foram encontrados em Dezembro de 1996 os restos de um casco – denominado Faro A — que jazia ao longo de vinte e quatro metros, elevando-se quase dois metros acima do fundo e ostentando um número ainda não determinado de canhões de ferro – não era a Mercedes. Afinal, o mistério continua.

Reino do Algarve


O Algarve (do árabe "al-Gharb al-Ândaluz", al-Gharb, «o Ocidente»; do "al-Andaluz"), foi considerado, durante séculos, e até à proclamação da República Portuguesa em 5 de Outubro de 1910, como o segundo reino da Coroa Portuguesa — um reino de jure separado de Portugal, ainda que de facto não dispusesse de instituições, foros ou privilégios próprios, nem sequer autonomia — na prática, era apenas um título honorífico sobre uma região/comarca que em nada se diferenciava do resto de Portugal.

Note-se, porém, que nunca nenhum rei português foi coroado ou saudado como sendo apenas "Rei do Algarve" — no momento da sagração, era aclamado como "Rei de Portugal e do Algarve" (até 1471), e mais tarde como "Rei de Portugal e dos Algarves" (a partir de 1471).

terça-feira, 5 de junho de 2007

Guitarra Portuguesa


Breve História da Guitarra PortuguesaA “Guitarra Portuguesa” actual resulta do aperfeiçoamento da “Cítara Europeia” (instrumento introduzido em Portugal na 2ª metade do século XVI, vindo de Itália ou da Flandres e já difundido em meios populares nos finais do século XVII) e da sua fusão com a “Guitarra Inglesa” (parente daquela mas aperfeiçoada em Inglaterra e introduzida em Portugal na 2ª metade do século XVIII pela colónia inglesa do Porto).A ligação da guitarra ao “Fado” só é conhecida a partir da 2ª metade do século XIX, numa altura em que a “Cítara Popular” já teria caído em desuso e a chamada “Guitarra Inglesa” ainda soaria nos salões da Lisboa Romântica. Até esta altura, o “Fado” seria acompanhado pela “Viola de Cinco Ordens de Arame”, instrumento popular muito em voga, com exemplares típicos em todas as regiões, e que teria estado na origem de algumas “fórmulas de acompanhamento” herdadas pela guitarra.A repetição das “fórmulas de acompanhamento” por tocadores de várias gerações acaba por constituir um “vocabulário da guitarra de fado” com “estereótipos de acompanhamento” que são um dos seus elementos de “identificação”.Este instrumento, de sonoridade emotiva, adapta-se com fà dolência do fado e o seu “acasalamento” com a viola (“Guitarra Clássica” ou “Guitarra Espanhola”) é perfeito. Armandinho (1891-1946) é um marco na execução da guitarra portuguesa, criando “escola” onde se vão filiar outros grandes nomes, merecendo, a meu ver, destaque especial Jaime Santos, Raul Nery, José Nunes e Fontes Rocha.Jaime Santos é autor de inúmeros fados e variações, sendo-lhe característica a sua notável execução mecânica, criando uma escola muito particular.José Nunes, oriundo do Porto e inspirado nos “trinados nostálgicos” de Armandinho, no convívio com Salvador Freire e na técnica de Artur Paredes (notável guitarrista de Coimbra que estará em particular destaque num 2º volume que dedicaremos à Guitarra de Coimbra), cria uma nova escola em que, tirando partido das cordas bordões, exprime uma “mágoa ímpar” através de “gemidos e glissandos” muito próprios.Raul Nery, exímio acompanhador e também discípulo de Armandinho, com um ferir de corda e um som inconfundíveis, a par de uma “garra” excepcional, forma com Fontes Rocha, Júlio Gomes e Joel Pina o célebre “Conjunto de Guitarras de Raul Nery”, a junção perfeita de quatro excelentes artistas. O Conjunto de Raul Nery chega a criar com a própria melodia e com o intérprete (Fernando Farinha e Maria Teresa de Noronha, por exemplo), um “todo” tão perfeito que não se imagina outro acompanhamento.Fontes Rocha vai para o “Embuçado” nos finais dos anos 60, ao mesmo tempo que, juntamente com Carlos Gonçalves (guitarra), Pedro Leal (viola) e Joel Pina (viola baixo) acompanha Amália Rodrigues. É nesta época que Alain Oulman produz muita música para os versos de poetas como David Mourão-Ferreira e Pedro Homem de Mello. Essas músicas são depois “arranjadas” por Fontes Rocha que lhes faz “introduções” e “ornamentos” que não se podem mais dissociar das músicas originais. Além disso, obtém, usando uma guitarra de Coimbra com a “afinação de Lisboa” (ver nota), efeitos que valorizam o acompanhamento para aquele tipo de música e para as interpretações de Amália. Podendo considerar-se um discípulo de Armandinho, Fontes Rocha é também o criador duma “Nova Escola”, que se caracteriza pela simplicidade, pelo gosto e pelo partido que se tira da guitarra nas suas mais variadas vertentes. É também autor musical de inúmeros fados.Raul Nery, Jaime Santos e Francisco Carvalhinho são, a meu ver, responsáveis por “estereótipos de acompanhamento” que, pela sua beleza, expressão e apoio ao intérprete vocal, ficaram como sinais de identificação inconfundíveis.A BIOGRAFIA DA GUITARRA está longe de concluída. A simples existência hoje de instrumentistas como Fontes Rocha, Mário Pacheco, Ricardo Rocha, Pedro Caldeira Cabral, António Chaínho, Paulo Parreira, Custódio Castelo ou José Manuel Neto – para só citar alguns – é boa prova de que a história não acaba aqui. E não se surpreenda quem notar neste disco a ausência de alguns deles (ou de outros, estejam eles ou não em actividade). Trata-se dum 1º volume, que só pode ser entendido como uma introdução.Note-se, por fim, a inclusão neste disco do “inclassificável” Carlos Paredes, demasiado heterodoxo para o podermos classificar apenas “de Coimbra” ou “de Lisboa”, embora a ambas pertença. Vindo na linha de seu pai, Artur Paredes, e dotado de um talento ímpar, ele dá uma nova dimensão à guitarra portuguesa, criando e executando peças de rara beleza e de uma técnica excepcional. A ele se deve a universalização da guitarra portuguesa e a sua música vem estimular toda uma nova geração.

Clica em baixo para ouvir Romance de Outono de Raimundo Seixas do CD " Guitarras de 1995" http://www.myspace.com/raimundoseixas
um Grande Guitarrista que tive oportunidade de conhecer numa actuação no Hotel Colina Verde Aparthotel & Golf Maragota - Moncarapacho

“Peter Pan” de James M. Barrie


O autor
Sir James Matthew Barrie, nascido na Escócia em 1860 e falecido em Londres, em 1937, é o criador de Peter Pan, essa personagem que vem povoando os sonhos das crianças de muitas gerações. Escrito inicialmente como um romance para adultos, depois como um livro de arte e como uma peça de teatro, Peter Pan e Wendy só tomaria a forma de livro para crianças em 1911.Em 1929, Barrie doou os direitos autorais de Peter Pan para o Hospital infantil de Great Ormond Street, em Londres.

Vive na Terra do Nunca, tem uma amiga que é uma fada e é odiado por um pirata. Peter Pan é um rapazinho invulgar e o herói desta história, que já celebra 100 anos.

“Todas as crianças crescem, excepto uma. ”Quem não conhece Peter Pan, o rapazinho endiabrado, que teima em não crescer e que vive, na companhia da fada Sininho, num mundo de fantasia chamado Terra do Nunca? A história de Peter transformou-se num dos maiores clássicos da literatura infantil de todos os tempos. Aliás, hoje em dia, Peter Pan já não habita apenas as páginas do romance do dramaturgo e novelista escocês Sir James Matthew Barrie, pois são vários os filmes, séries televisivas e desenhos animados que retratam as aventuras da personagem. Ora, o que poucos imaginarão ao olhar para a aparência infantil e cheia de frescura de Peter Pan é que este menino já é centenário.
A personagem surgiu pela primeira vez no romance de J.M. Barrie “The Little White Bird” (“O Pequeno Pássaro Branco”), em 1902. Trata-se, no entanto, de uma aparição fugaz numa história em que o protagonista passeia com um rapazinho e lhe conta a história de uma criança que não quer crescer. O real nascimento de Peter Pan, que faz dele o centro de todas as atenções, é a peça de teatro infantil com o seu nome, que sobe ao palco em 1904, em Londres. Ainda assim, Peter seria imortalizado apenas sete anos mais tarde, aquando da edição em livro do romance infantil “Peter and Wendy”, que resulta de uma adaptação da peça de teatro, feita pelo próprio J.M. Barrie.

O elixir da juventude
Qual será então o segredo de Peter Pan para não crescer nem envelhecer, apesar da idade já avançada? Trata-se de uma personagem peculiar, bem mais complexa do que as suas aventuras fantasiosas e cheias de acção poderão sugerir. Peter Pan não é apenas uma personagem que não quer crescer, pois todas as crianças que o acompanham também não se querem tornar adultos.
O que faz dele especial é o facto de ter consciência do que implica crescer e, por isso mesmo, se recusar, em absoluto, a fazê-lo. Como? É fácil: esquecendo. Peter Pan limpa da memória tudo o que não lhe interessa, incluindo essa mesma consciência. Ou seja, apaga da lembrança tudo o que não gosta, tornando todas as coisas efémeras e impedindo-as de lhe causar sofrimento ou de lhe fazer falta. Peter Pan é uma espécie de último sobrevivente, aquele que resiste até ao limite, e que usa todos os meios para se manter tal como é. Um objectivo que o leva ao ponto de se esquecer do amor da sua mãe, passando a defender que “todas as mães servem apenas para contar histórias”. Curiosamente, Peter Pan acaba por esquecer- se das próprias histórias que vai vivendo. Para saber o que fez no passado, vê-se obrigado a ouvir as histórias contadas por raparigas que, como Wendy Darling, fazem o papel de sua mãe. Claro que, pouco tempo depois de ouvir as histórias, Peter vai esquecer-se delas novamente. E assim sucessivamente...
As fadas também morrem
No livro de J.M. Barrie, conhecemos Peter Pan através de Wendy, uma rapariga que vive com os pais e os dois irmãos mais novos que, certo dia, são visitados por Peter Pan e pela fada Sininho. Os três pequenos decidem, então, voar com Peter Pan até à Terra do Nunca, na Ilha da Fantasia, juntandose aos “rapazes perdidos”. A partir daí, sucedem-se uma série de aventuras típicas da imaginação das crianças, em cenários difíceis de imaginar por um adulto. As personagens do romance são igualmente exóticas: piratas malvados, liderados pelo Capitão Gancho, inimigo de Peter Pan, que perdeu a mão direita quando um crocodilo (que tem um despertador na barriga) a comeu. Há também os índios peles-vermelhas, que combatem regularmente com os piratas, em sangrentas batalhas. Além dos animais estranhos, há ainda as fadas, personagens fundamentais para que as crianças possam viver na Terra do Nunca e, por exemplo, voar. A impulsiva Sininho é a mais conhecida de todas, pois acompanha Peter Pan em todas as suas aventuras. Na verdade, todo o ciúme que Sininho sente em relação a Wendy sugere uma interessante paixão da fada pelo herói dos “rapazes perdidos”. Já agora, para quem não acredita em fadas, não se esqueçam de que, de cada vez que alguém diz que não acredita que as fadas existem, há uma delas que morre... É Peter Pan quem o garante.
Por DIEGO ARMÉS DOS SANTOS