quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O Maior vendedor do mundo. O homem que vendeu a Torre Eiffel

Em 1925 Victor Lustig era um vagabundo de Paris, quando viu uma noticia num jornal " Câmara Municipal de Paris têm dificuldades em manter a Torre Eifel" e de imediato lembrou-se....

Foi o suficiente para se lembrar imediatamente de vender a "Torre Eifel". Lustig passou-se por oficial do governo francês e foi atrás de empresários que mexiam com ferro-velho. Arranjou 6. 
E chamou o grupo para uma reunião num hotel de luxo de Paris. "Como os senhores já devem ter lido, Paris não tem mais como financiar a Torre Eiffel", disse. "A saída é uma só: demolir aquelas 8 mil toneladas de metal e vender como sucata." Ele chegou a alugar uma limusine para levar os homens para uma "visita de inspeção" ao monumento. Depois, chamou de canto o empresário que ele achou mais ingénuo e insinuou: "com uma comissãozinha, posso facilitar as coisas " o homem subornou o "oficial" Lustig e levou-o a ver a  torre. 
 Antes que o comprador percebesse da artimanha, Lustig já estava num comboio com o dinheiro. O lesado, por sinal, não teve coragem fazer queixa. Afinal, seria chamado de burro se alguém soubesse que ele tinha acabado de subornar um aldrabão... Lustig era mestre porque sabia enganar malandros. E que malandros. 

Certa vez, o golpista procurou ninguém menos que Al Capone, oferecendo um esquema para fazer o dinheiro dele dobrar em dois meses com uns investimentos. O mafioso lhe deu 50 mil dólares, junto com uma descrição do que lhe aconteceria se o enganasse. Lustig simplesmente guardou tudo em um cofre. E dois meses depois, devolveu tudo a Al Capone, pedindo desculpas e contando que o esquema de investimentos tinha falhado. Grato por Lustig ter sido tão honesto, Capone deu-lhe 5 mil dólares como prémio. E era o tal do prémio que Lustig esperava desde o começo. 
Outro golpe que ele aplicava em golpistas era vender máquinas de falsificar dinheiro. Falsas. Ele escolhia um bandido e contava que tinha um aparelho fantástico, capaz de copiar notas. "Só que leva 6 horas para que o trabalho fica-se pronto", dizia. Então, colocava uma nota de 100 dólares na máquina para demonstração. Seis horas depois, saía uma "cópia" perfeita (Lustig colocava duas notas verdadeiras lá dentro antes). Depois de ter o dinheiro da venda da máquina, seguia rápida mente o seu caminho , e o comprador só percebia que tinha sido enganado 6 horas depois... Em 1934, finalmente, a carreira dele acabou. Lustig foi preso e mandado para Alcatraz, onde fez companhia ao amigo Capone.
http://www.fact-archive.com/encyclopedia/Victor_Lustig

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Heróis do Mar

Heróis do Mar Uma lenda por contar O futuro da música pop portuguesa começou há 25 anos quando os Heróis do Mar editaram o seu primeiro álbum e apareceram com a força de um conceito global em que a música era apenas uma das peças do puzzle. Ainda às voltas com a força das palavras que cantavam a revolução, Portugal só então começava a abrir os olhos para uma ainda imberbe cena pop. Desde aí foi forçado a admitir que, tal como a música, também as roupas, atitudes, poses e adereços representavam um papel importante.Os Heróis do Mar de Rui Pregal da Cunha, Pedro Ayres Magalhães, Carlos Maria Trindade, Paulo Pedro Gonçalves e António José de Almeida lançaram no início do Outono de 1981 aquele que é ainda um dos melhores álbuns de sempre da produção nacional.
Heróis do Mar, com canções como «Brava Dança Dos Heróis» ou «Saudade», foi recebido com ferozes críticas e alimentou uma forte polémica feita de acusações de nacionalismo exacerbado. Rui Pregal da Cunha explica-se: «para mim aquilo era uma enorme mistura de referências que metiam no mesmo saco a História de Portugal, as sagas de aventuras japonesas que víamos no cinema e o Thor e o Balder – não o da mitologia nórdica, mas o da Marvel Comics!».
A verdade é que tal atitude assegurou descendência: Armando Teixeira, o homem dos Balla e Bulllet apareceu durante esta entrevista com dois discos dos Heróis do Mar – o primeiro álbum e o máxi Amor – para recolher um há muito desejado autógrafo. Este episódio espontâneo que pudemos presenciar é mais uma prova de que, de facto, há uma geração devedora da música e das atitudes que os Heróis do Mar inventaram no Portugal de 80 que, explica Rui Pregal, «parecia – em termos de mentalidades e estéticos – estar ainda a viver nos anos 60». Daí o choque.

Nascido em Macau, mas a viver em Portugal desde os quatro anos, Rui Pregal da Cunha em 1980 já tinha visto ao vivo os Faíscas e os Corpo Diplomático – bandas de Pedro Ayres e Paulo Pedro Gonçalves – e começava ele próprio a aventurar-se em projectos musicais como os Colagem Urbana: «que não era bem um projecto. Havia era muita vontade de criar música, mesmo sem instrumentos. Com uma televisão, um rádio mal sintonizado e uns gritos por cima daquilo tudo». Rui admite que «vivia noutro planeta» com uma série de amigos que entre o Jamaica, no Cais do Sodré, o Yes, no Areeiro, o Rockhouse, no Bairro Alto, e o Trumps, na Rua da Imprensa Nacional, desenhavam o futuro de um sentir pop nacional recusando um Portugal congelado no tempo.



«Em 1980, havia uma enorme sede causada por todos os sinais que chegavam de fora. De tal forma», explica o cantor, «que quando um de nós recebia um disco levava-o consigo quando saía à noite para pedir ao DJ da discoteca onde fosse para o tocar para todos os amigos o ouvirem». A memória afina-se e Rui refere um sentido de comunidade, importante para os episódios que se seguiriam, que esteve na base da formação dos Heróis do Mar: «as pessoas partilhavam a música, mas também as ideias – iam a casa umas das outras para se vestirem para sair à noite, por exemplo. Havia uma vibração qualquer, uma apetência para a descoberta».

DA PISTA PARA OS ENSAIOS

Esta era a época em que ecos das revoluções de costumes já estabelecidas em Nova Iorque e Londres começaram, muito lentamente, a chegar até cá. Rui lembra-se, por exemplo, do espanto que foi descobrir o número 5 da icónica revista britânica The Face na loja Op de Paulo Nozolino – «tinha a Soo Catwoman [antiga parceira de Sid Vicious] na capa» – e de como cada uma dessas fontes era devorada com entusiasmo.
Nesta altura já havia noites diferentes para pessoas diferentes – «o Pedro provavelmente parava mais pelo Brown’s, ali perto do Centro Comercial Roma, mas acabávamos todos por nos encontrarmos ao fim da noite no Trumps» – mas certos lugares acabavam por funcionar como pólos magnéticos atraindo gente de todos os quadrantes e sensibilidades. Local de culto da noite gay lisboeta, o Trumps – «o Studio 54 a que tínhamos direito», ironiza Rui Pregal – era no entanto frequentado por todo o tipo de pessoas, seduzidas pelos sons do Disco e de alguma new-wave de recorte mais electrónico que se começava a insinuar nas pistas de dança. «Eu estive para ser o primeiro DJ do Trumps», recorda Rui Pregal, «e até cheguei a fazer a primeira compra de discos para a casa, mas não era o que eles estavam à procura – eles queriam disco--sound puro e duro e eu tinha comprado algumas coisas de disco, mas também outras coisas que não tinham nada a ver».
Rui Pregal acabou por sugerir o nome de João Vaz, hoje a voz dos finais de tarde da Rádio Comercial, que se impôs como seminal DJ a partir da cabine do Trumps acabando por ser importante para muitos nomes hoje estabelecidos na cena da música de dança portuguesa.

«Foi mesmo no meio da pista do Trumps que o Pedro me abordou e me perguntou se não queria aparecer na sala de ensaios deles em Benfica porque estava-se a formar um novo grupo», explica Rui Pregal que admite ter sido «pela pinta» que o convite surgiu: «nesse tempo eu levava a roupa muito a sério – lembro-me de ir para as aulas vestido com um fato de três peças dos anos 40 comprado na loja da Madame Bettencourt num dia e no outro aparecer vestido de pirata das Caraíbas, com espada e tudo».
«Quando cheguei à sala de ensaios eles pediram-me para eu cantar qualquer coisa e a verdade é que não me conseguia lembrar de uma única letra para cantar». Fosse como fosse, por ter cantado «o “Sitting on the Dock of the Bay” ou qualquer coisa assim», Rui Pregal acabou mesmo por ficar com o lugar de cantor e em Maio de 1981 – com Pedro Ayres Magalhães no baixo, Carlos Maria Trindade nos teclados, Paulo Pedro Gonçalves nas guitarras e António José de Almeida na bateria – arrancaram os trabalhos que culminariam com a gravação do álbum de estreia dos Heróis do Mar. 
REVISTA BLITZ 2006
Rui Miguel Abreu