Notável Bispo do Algarve, sem duvida afigura mais brilhante que presidiu aos destinos da mesma Diocese, nasceu no sitio do Mato, freguesia de São Marcos da Calhandriz, concelho de Vila Franca de Xira, a 17/1/1739, e faleceu em Faro, a 16/07/1816. Filho de Francisco e de Maria Gomes, que têm alusão ao glorioso descendente, na igreja daquela freguesia, e neto paterno de uma Martinho do Avelar, fez os primeiros estudos em Lisboa com um Tio, Padre Inocêncio, cura da patriarcal, entrou aos 18 anos para a Congregação do Oratório e ordenou-se de presbítero em 1763. Estudante distinto, desde logo professor e Mestre de Cerimonias e pouco depois capelão da Real Casa das Necessidades, mantinha já então assídua correspondência com o celebre D.Fr.Manuel do Cenáculo e vemo-lo ainda simples padre, em 1784, a acompanhar a Roma o então Núncio, Mons. Vicente Rannuzzi, de quem era confessor e amigo. Recebido com muita simpatia pelo Papa Pio VI, essa viagem muito contribuiu para a elevação do espírito, fazendo-o ao mesmo tempo tomar gosto especial pela arte, fornecendo-lhe conhecimentos e proporcionando-lhe relações de que muito veio a aproveitar a sua acção já quando Bispo do Algarve. Escolhido para essa dignidade, na vaga deixada por D.José Maria de Melo, em Janeiro de 1786, de nada valeram as suas escusas.
Sagrado em Lisboa a 26 de Abril, tomou posse por procuração a 8 de Maio e fez a entrada na Diocese a 26. A sua acção foi nela extraordinariamente meritória, podendo dizer-se sem grande exagero, que não houve recanto ou existiu problema que não lhe conhecesse a influencia, Nas suas frequências visitas particulares ou pastorais, não eram apenas as necessidades do culto que o preocupavam, antes atendia também muitas e principalmente carências materiais dos povos, dando esmolas na medida das suas posses, olhado pela obras de caridade e instituições de beneficência, promovendo a realização de grandes e pequenos melhoramentos e ministrando valiosos ensinamentos sobre a agricultura, a construção de estradas e caminhos, o comercio do figo, a exportação do atum, etc.., assuntos que chegaram por vezes a constituir motivo de trabalhos que deu à estampa. Foi assim que, por sua ordem, sob a sua vigilância directa e nalguns casos até sob o seu risco, se ergueram desde os alicerces ou reconstruíram estruturalmente transformadas, as igrejas de Albufeira e de Aljezur, de Estói, de Cacela e São Brás, de Santa Maria de Castelo, em Tavira e de São Luís em Faro; que se construíram as pontes, ainda hoje utilizadas, de Marim, de Cacela, do Ludo, de Marxil e de Ferragudo, com o caminho do Sapal que permitia o acesso à mesma aldeia; que se levantou, no lugar de uns velhos armazéns doados por Lopo Dias, o para o tempo magnifico Hospital da misericórdia de Faro, que se realizaram alguns dos mais importantes melhoramentos das Caldas de Monchique; que se criaram mais ou menos por toda a Diocese cemitérios públicos, pondo termo à pratica, ate então ainda usada dos enterramentos públicos nas igrejas, e que se construiu em Faro o monumento mais representativo da capital algarvia, o chamado Arco da Vila, com a estátua de São Tomas de Aquino, erguido em substituição de umas das arruinadas portas da muralha e da parte mais antiga da cidade. Para a realização desde e de outros melhoramentos, fez o Prelado vir de Roma o arquitecto Francisco Xavier Fabril, que hospedou no Paço até à sua retirada para Lisboa e a quem a capital ficou devendo, entre outras construções notáveis, o Palácio da Foz, na Praça dos Restauradores, parte do Palácio da Ajuda etc. Também para estas e outras obras, D.Francisco Gomes criou no Algarve quase que uma verdadeira escola de Arte, estimulando pintores, escultores, canteiros e simples alveneis, tal como para a devida grandeza e realce das igrejas fez vir para a Diocese algumas das melhores telas e imagens que nela ainda hoje se podem apreciar ou enriquecem o já referido museu de Faro.
Sagrado em Lisboa a 26 de Abril, tomou posse por procuração a 8 de Maio e fez a entrada na Diocese a 26. A sua acção foi nela extraordinariamente meritória, podendo dizer-se sem grande exagero, que não houve recanto ou existiu problema que não lhe conhecesse a influencia, Nas suas frequências visitas particulares ou pastorais, não eram apenas as necessidades do culto que o preocupavam, antes atendia também muitas e principalmente carências materiais dos povos, dando esmolas na medida das suas posses, olhado pela obras de caridade e instituições de beneficência, promovendo a realização de grandes e pequenos melhoramentos e ministrando valiosos ensinamentos sobre a agricultura, a construção de estradas e caminhos, o comercio do figo, a exportação do atum, etc.., assuntos que chegaram por vezes a constituir motivo de trabalhos que deu à estampa. Foi assim que, por sua ordem, sob a sua vigilância directa e nalguns casos até sob o seu risco, se ergueram desde os alicerces ou reconstruíram estruturalmente transformadas, as igrejas de Albufeira e de Aljezur, de Estói, de Cacela e São Brás, de Santa Maria de Castelo, em Tavira e de São Luís em Faro; que se construíram as pontes, ainda hoje utilizadas, de Marim, de Cacela, do Ludo, de Marxil e de Ferragudo, com o caminho do Sapal que permitia o acesso à mesma aldeia; que se levantou, no lugar de uns velhos armazéns doados por Lopo Dias, o para o tempo magnifico Hospital da misericórdia de Faro, que se realizaram alguns dos mais importantes melhoramentos das Caldas de Monchique; que se criaram mais ou menos por toda a Diocese cemitérios públicos, pondo termo à pratica, ate então ainda usada dos enterramentos públicos nas igrejas, e que se construiu em Faro o monumento mais representativo da capital algarvia, o chamado Arco da Vila, com a estátua de São Tomas de Aquino, erguido em substituição de umas das arruinadas portas da muralha e da parte mais antiga da cidade. Para a realização desde e de outros melhoramentos, fez o Prelado vir de Roma o arquitecto Francisco Xavier Fabril, que hospedou no Paço até à sua retirada para Lisboa e a quem a capital ficou devendo, entre outras construções notáveis, o Palácio da Foz, na Praça dos Restauradores, parte do Palácio da Ajuda etc. Também para estas e outras obras, D.Francisco Gomes criou no Algarve quase que uma verdadeira escola de Arte, estimulando pintores, escultores, canteiros e simples alveneis, tal como para a devida grandeza e realce das igrejas fez vir para a Diocese algumas das melhores telas e imagens que nela ainda hoje se podem apreciar ou enriquecem o já referido museu de Faro.
Continua.
Pesquisa efectuada por Pedro Carrega:
FRANCO, Mario Lyster, 1982, Algarviana Vol I A-B, Edição da Câmara Municipal de Faro, Impressão Tipografia União Faro (1982).