De estilo românico, gótico ou renascentista, muitos dos pelourinhos em Portugal constituem exemplares de notável valor artístico.
Pelourinho de Campo Maior
Nery defende que a candidatura do género musical português não pode esperar pelo inventário do restante património imaterial nacional, uma missão que será em breve entregue a uma comissão nomeada pelo ministério.
Pelo contrário, deverá avançar o quanto antes e tornar-se um projecto que servirá de teste para outras futuras candidaturas.
A ideia conta com o apoio dos maiores nomes do fado em Portugal. Carlos do Carmo, embaixador da candidatura, disse ao DN que o reconhecimento seria "uma conquista sem perdedores" de grande importância e urgência.
Caso a agência da ONU conceda o estatuto de património imaterial, o Estado português ficará comprometido a preservar a história e fontes daquele género musical. Entre as obrigações implícitas estará a criação de um arquivo sonoro, algo que até países pobres com a Somália já têm.
De acordo com Rui Vieira Nery, o sucesso do fado, nos últimos anos, será o maior obstáculo à vitória na UNESCO.
"Actualmente o fado não é uma tradição em perigo," explicou.
Para contornar este problema, a candidatura está apostada em provar que a evolução põe em risco a memória e o seu trajecto passado. Mas nunca com a intenção de comprometer o futuro.
"Havia quem visse na candidatura uma arca frigorífica para guardar o cadáver do fado", contou Nery. "Nós queremos preservar a memória mas não para impedir que o fado evolua."
Depois de quatro anos a "fazer o trabalho de casa", a candidatura está preparada para iniciar a recuperação de fontes que contam a história do fado.
Sara Pereira, gestora do Museu do Fado, e um dos rostos do projecto, garantiu ontem à agência Lusa que, em Outubro, será posto em marcha o plano editorial que prevê a reedição de fontes fundamentais do fado.
Entre elas haverá uma edição fac-similada de O Fado, Canção de Vencidos, de Luís Moita (1937), e A Resposta, de Vítor Machado. Serão também publicadas várias antologias de partituras e letras, uma delas inteiramente dedicada aos poemas interpretados por Amália Rodrigues. Investigadores da Universidade Nova de Lisboa estão a fazer entrevistas a figuras marcantes da história do fado para serem editadas em 2010.
Além do fado, está na calha uma outra candidatura nacional a Património Imaterial da UNESCO. O grupo folclórico Sargaceiros da Apúlia (Esposende) anunciou há algumas semanas um plano para formalizar a candidatura da apanha do sargaço, uma tradição específica daquela região.