terça-feira, 11 de agosto de 2009

Fado à UNESCO

O projecto foi lançado em 2005, após Portugal ter ratificado a convenção da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) para preservar formas de expressão cultural como ritos, danças, músicas, que não entram na classificação de património com corpo físico.

Nery defende que a candidatura do género musical português não pode esperar pelo inventário do restante património imaterial nacional, uma missão que será em breve entregue a uma comissão nomeada pelo ministério.

Pelo contrário, deverá avançar o quanto antes e tornar-se um projecto que servirá de teste para outras futuras candidaturas.

A ideia conta com o apoio dos maiores nomes do fado em Portugal. Carlos do Carmo, embaixador da candidatura, disse ao DN que o reconhecimento seria "uma conquista sem perdedores" de grande importância e urgência.

Caso a agência da ONU conceda o estatuto de património imaterial, o Estado português ficará comprometido a preservar a história e fontes daquele género musical. Entre as obrigações implícitas estará a criação de um arquivo sonoro, algo que até países pobres com a Somália já têm.

De acordo com Rui Vieira Nery, o sucesso do fado, nos últimos anos, será o maior obstáculo à vitória na UNESCO.

"Actualmente o fado não é uma tradição em perigo," explicou.

Para contornar este problema, a candidatura está apostada em provar que a evolução põe em risco a memória e o seu trajecto passado. Mas nunca com a intenção de comprometer o futuro.

"Havia quem visse na candidatura uma arca frigorífica para guardar o cadáver do fado", contou Nery. "Nós queremos preservar a memória mas não para impedir que o fado evolua."

Depois de quatro anos a "fazer o trabalho de casa", a candidatura está preparada para iniciar a recuperação de fontes que contam a história do fado.

Sara Pereira, gestora do Museu do Fado, e um dos rostos do projecto, garantiu ontem à agência Lusa que, em Outubro, será posto em marcha o plano editorial que prevê a reedição de fontes fundamentais do fado.

Entre elas haverá uma edição fac-similada de O Fado, Canção de Vencidos, de Luís Moita (1937), e A Resposta, de Vítor Machado. Serão também publicadas várias antologias de partituras e letras, uma delas inteiramente dedicada aos poemas interpretados por Amália Rodrigues. Investigadores da Universidade Nova de Lisboa estão a fazer entrevistas a figuras marcantes da história do fado para serem editadas em 2010.

Além do fado, está na calha uma outra candidatura nacional a Património Imaterial da UNESCO. O grupo folclórico Sargaceiros da Apúlia (Esposende) anunciou há algumas semanas um plano para formalizar a candidatura da apanha do sargaço, uma tradição específica daquela região.

UNESCO
(United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)


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