Camilo Pessanha (1867-1926) nasceu a 7 de Setembro de 1867 em Coimbra, tendo tirado o curso de Direito nessa cidade. Em 1894, transferiu-se para Macau, onde, durante três anos, foi professor secundário de Filosofia, deixando de leccionar por ter sido nomeado em 1900 conservador do registo predial em Macau e depois juiz de comarca. Levou uma vida de solitário excêntrico.
Caminho
I
Tenho sonhos cruéis; n'alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d'harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.
Camilo Pessanha
http://purl.pt/14369/1/apresentacao.html
I
Tenho sonhos cruéis; n'alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d'harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.
Camilo Pessanha
http://purl.pt/14369/1/apresentacao.html
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