terça-feira, 24 de março de 2009

Faro.

Faro – A resplandecente Ossónoba romana, a antiga Harun árabe e a prospera Faraon cristã, que nos Sec. XVI se tornou sede do bispado.
Aqui aportou o infante D. Henrique que com a esquadra que iria conquistar Ceuta em 1415. Pertenciam a este porto muitas das caravelas piscarescas que fainavam desde os mares de Larache até aos Açores, abrindo caminho aos pilotos do Infante. Do seu património destaca-se a Sé construída em 1251 sobre os alicerces da derrubada mesquita árabe, as igrejas de S. Pedro, da Misericórdia e o convento de Nª Sª da Assunção, que remontam ao Sec. XVI. Os templos do Carmo e de S. Francisco, assim como o arco da Vila são do Sec. XVIII. A visita ao Museu arqueológico e Lapidar infante D. Henrique é quase imprescindível sendo de realçar a sua grande diversidade patrimonial. Fora de portas recomenda-se a vila romana de Milreu e o palácio de Estói.

José Vilhena mesquita “Estudos de Historia do Algarve”

segunda-feira, 16 de março de 2009

Fórum Mundial da Água

Em ISTAMBUL, Turquia realiza-se a partir hoje O V Fórum Mundial da Água, que pretende apresentar respostas para escassez do recurso provocada pelo crescimento da população, o esbanjamento, o consumo extravagante e o aumento da necessidade de energia.

O encontro, de uma semana, acontece a cada três anos e nesta ocasião reúne um número de participantes nunca visto, 28.000 pessoas de mais de 180 países, segundo os organizadores.

O fórum analisará os problemas da escassez de água, o risco de conflito entre países pelo poder dos domínios hídricos.

"Nosso comportamento é cada vez mais irreflectido e inconsequente", denunciou na abertura o francês Loïc Fauchon, presidente do Conselho Mundial da Água, que convoca o encontro.

"Aumentar indefinidamente a oferta de água é caro, muito mais caro hoje, em um contexto de evolução do clima e crise financeira. Aumentar a oferta coloca em perigo o meio natural", explicou.

"Somos responsáveis pelas agressões cometidas contra a água, responsáveis pela evolução do clima, que vem se somar às mudanças globais, responsáveis das tensões que reduzem a disponibilidade das massas de água doce, indispensáveis para a sobrevivência da humanidade", completou.

A previsão é de que a população mundial, actualmente superior a 6,5 biliões de pessoas, pode chegar a nove biliões até meados do século, o que aumentará consideravelmente a demanda de recursos hídricos, a 64 biliões de metros cúbicos por ano, segundo a ONU.

Segundo a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), o número de pessoas com graves problemas para conseguir água chegará a 3,9 biliões em 2030, ou seja, metade da população do mundo. A maioria vive na China e sul da Ásia.

As contas da OCDE não incluem o impacto da mudança climática, que pode já estar afectando as coordenadas da água, mudando o lugar e o momento das chuvas.

Quase 2,5 biliões de pessoas não têm acesso a saneamento básico, o que contraria as Metas de Desenvolvimento do Milénio da ONU.

Os cientistas acreditam que as causas da crise são a irrigação excessiva, as falhas no fornecimento urbano, a contaminação dos rios e a extracção desenfreada de qualquer fonte.

O Fórum da Água, que terminará no próximo domingo, começa com uma reunião com um pequeno número de chefes de Estado e de Governo convidados pela Turquia.

Também acontece uma reunião ministerial para elaborar projectos de melhor gestão da água e para a resolução de conflitos motivados pelos recursos hídricos.

Além da dimensão política, a conferência também tem a participação de empresas que actuam na indústria da água.

"Temos que nos organizar para usar a água de modo sustentável. Precisamos de sistemas para administrar a água", afirmou Mark Smith, do grupo ecológico União Internacional para a Conservação da Natureza .

2009 AFP

domingo, 15 de março de 2009

Bartolomeu Dias


É difícil reconstruir com exactidão a vida de Bartolomeu Dias. Não existem informações quanto à data e ao local do seu nascimento e, dos dados conhecidos anteriores à viagem que o tornou célebre, podemos apenas afirmar com certeza que Bartolomeu Dias foi escudeiro de D. João II e que acompanhou Diogo de Azambuja a S. Jorge da Mina, ajudando-o na tomada da fortaleza. Em 1478 estaria envolvido em acções de corso e terá sido esse o motivo que levou o rei a conceder-lhe o quinto real das presas por ele tomadas. Certamente pertenceria à pequena nobreza como muitos capitães do seu tempo.

Quando D. João II subiu ao trono, tornou-se evidente que um dos seus grandes objectivos era a chegada ao Oriente, e que os seus esforços incidiriam particularmente na procura de uma rota marítima que ligasse o Oceano Atlântico ao Índico. É dentro deste âmbito que podemos enquadrar as viagens de Diogo Cão ao longo da costa ocidental africana, entre 1482 e 1486. Todavia, estas não obtiveram os resultados pretendidos pelo rei, o qual, não desistindo do seu objectivo, prepara uma nova armada em 1487.

Bartolomeu Dias foi nomeado capitão-mor de uma frota constituída por duas caravelas de cerca de 50 tonéis cada uma e uma naveta de apoio, que transportava os mantimentos: a S. Cristóvão, capitaneada por si próprio; a S. Pantaleão foi conduzida por João Infante ; e a naveta era comandada por Diogo Dias, irmão de Bartolomeu.

Uma das principais fontes sobre a mesma é a carta de Henricus Martellus Germanus, datada de 1489, onde se encontram delineados os acidentes geográficos encontrados por Bartolomeu Dias durante o seu périplo. A armada saiu de Lisboa em Agosto de 1487, e teria seguido a rota corrente, abastecendo-se provavelmente em S. Jorge da Mina. Em Dezembro, a expedição já teria chegado ao limite das viagens de Diogo Cão, a Serra Parda. No Natal de 1487, Bartolomeu Dias chegou à Angra Pequena. Já em 1488 a armada atinge a Angra das Voltas, onde os ventos de sueste o forçaram a abandonar a navegação costeira, entrando no mar alto. Navegam então para Sudoeste e só ao fim de alguns dias voltam novamente a singrar para Leste. No entanto, como não vislumbram costa, Bartolomeu Dias decidiu rumar a Norte e, tendo encontrado terra, os homens ficaram convencidos de terem chegado à extremidade meridional do continente africano, tendo portanto entrado no Índico. Os navegadores decidiram empreender a viagem de regresso e só nesse altura encontraram e exploraram o Cabo das Agulhas e em seguida o Cabo da Boa Esperança.

As duas caravelas aportaram em Lisboa em Dezembro de 1488, após dezasseis meses e dezassete dias de viagem; porém, e ao contrário do que seria esperado, se existiu uma recompensa régia esta não se traduziu em mercês imediatas: só mais tarde, após a morte do navegador, D. Manuel I atribuiu uma tença de 12$000 reis anuais aos seus filhos.

Sabemos que depois de ter regressado a Lisboa foi recebedor do Armazém da Guiné entre 1494 e 1500. Por volta de 1499 poderá ter participado em viagens de reconhecimento de correntes e regimes de ventos no Atlântico Sul e talvez tenha sido por isso que não incorporou a armada quem em 1498 chegou a Calecute. Mas em 1500 esteve presente na armada de Pedro Álvares Cabral, naquela que foi a sua última viagem. Depois da descoberta do Brasil, a caravela capitaneada por Bartolomeu Dias foi atingida por uma tempestade e naufragou quando se aproximava precisamente do Cabo da Boa Esperança.

O nome de Bartolomeu Dias ficará ligado à entrada num novo mundo, que transformou por completo a mundivisão ptolomaica dos seus contemporâneos. As suas viagens deram um contributo essencial para a construção de uma nova rota que se revelaria fundamental para chegar à Índia. Sem o saber, Bartolomeu Dias contribuiu decisivamente para uma mudança definitiva na história do Oceano Atlântico.


Luisa Gama
http://cvc.instituto-camoes.pt

quarta-feira, 4 de março de 2009

Bartolomeu Dias

Em 1486, o rei dom João II passou o comando de uma expedição marítima a Bartolomeu Dias. A missão era procurar e estabelecer relações pacíficas com um legendário rei cristão africano, conhecido como Prestes João. Ele tinha ordens também de explorar o litoral africano e encontrar uma rota para as Índias.

As duas caravelas de 50 toneladas e uma naveta auxiliar passaram primeiro pela angra dos Ilhéus (atual baía de Spencer) e o cabo das Voltas. Entraram em seguida num violento temporal. Ficaram treze dias sem controle, enfrentando o vento e as ondas. Quando o mar acalmou, navegaram para leste em busca da costa, mas só encontraram mar.

Decidiram, então, ir para o norte, onde acharam diversos portos. Ao encontrar a foz de um rio, que batizaram de rio do Infante, a tripulação obrigou o capitão a voltar. Era o final de janeiro e início de fevereiro de 1488.

Bartolomeu Dias deu-se conta então que passara pelo extremo sul da África, o cabo que, por conta da tempestade, ele havia chamado de cabo das Tormentas. O rei dom João II viu a novidade com outros olhos e mandou mudar o nome para Boa Esperança. Afinal, uma expedição portuguesa provara que havia um caminho alternativo para o comércio com o Oriente.

A primeira representação cartográfica das zonas exploradas por Bartolomeu Dias é o planisfério de Henricus Martellus. Em 1652, o mercador holandês Jan van Riebeeck fundaria um posto comercial na região que, mais tarde, se tornaria a Cidade do Cabo.

Bartolomeu Dias voltou ao mar em 1500, no comando de um dos navios da frota de Pedro Álvares Cabral. Após passar pelas costas brasileiras, a caminho da Índia, Bartolomeu Dias morreu quando sua caravela naufragou, ironicamente, no cabo da Boa Esperança. Frágil, a caravela era um barco rápido, pequeno e de fácil manobra. Em caso de necessidade, podia ser movida a remo.

Os dados biográficos do navegador anteriores a essas viagens são escassos e contraditórios. A data de nascimento é ignorada. Ele foi escudeiro da Casa Real e administrador do Armazém da Guiné, e sabe-se que descendia de Dinis Dias. Há informações sobre um certo Bartolomeu Dias, mercador entre Lisboa e a Itália nos anos de 1475 e 1478, porém, pode ser outra pessoa com o mesmo nome.

No entanto, seu feito nas costas africanas o fez ser imortalizado pelos dois mais famosos poetas portugueses. Além de ser personagem de Camões, em Os Lusíadas, Fernando Pessoa fez um epitáfio para ele:

"Jaz aqui, na pequena praia extrema,/ O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,/ O mar é o mesmo: já ninguém o tema!/ Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro."

CONTINUA...