domingo, 9 de dezembro de 2007

Protocolo de Kyoto


Este protocolo é um acordo internacional que visa a redução da emissão dos poluentes que aumentam o efeito estufa no planeta. Entrou em vigor em 16 Fevereiro de 2005. O principal objectivo é que ocorra a diminuição da temperatura global nos próximos anos. Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite poluentes no mundo, não aceitou o acordo, pois afirmou que ele prejudicaria o desenvolvimento industrial do país.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Ludwig van Beethoven

Ludwig van Beethoven

(Bona, 1770 - Viena, 1827)


Músico alemão. Filho e neto de músicos, destaca-se muito cedo como pianista e improvisador. Desfruta de excelentes mestres desde muito jovem e recebe algumas lições de Haydn, Mozart e Salieri. Mudando-se para Viena, encontra protectores ricos e poderosos e um meio muito favorável ao desenvolvimento das suas capacidades. Os seus protectores, o príncipe Lichnowsky, o barão Van Swieten, o arquiduque Rodolfo e outros, põem à sua disposição os executantes e artistas de que necessita para a audição das suas composições. Desta primeira época são o Concerto para Clavicórdio ou Piano Forte em Mi Bemol Maior, várias sonatas, entre elas a Patética, e o célebre Septeto. Cerca de 1790 manifesta-se-lhe a surdez, que acaba sendo total. Além disso, padece de afecções intestinais contínuas. Mas nem por isso diminui o seu ímpeto criador. Em 1802, após uma profunda crise espiritual, aceita a sua surdez.

A sua segunda etapa vai de 1801 a 1814. Nela reforma a estrutura clássica da sinfonia, compondo as Segunda, Terceira ou Heróica, Quarta, Quinta e Sexta sinfonias. Nesta, a Pastoral, tipicamente pré-romântica, idealiza a vida do campo. É também a época de Fidélio, ópera que compõe e retoca várias vezes até a dar por concluída. Compõe, além disso, nesta época as suas sonatas mais famosas: Aurora, Appassionata, Sonata a Kreutzer, etc. Em 1808, Jerónimo Bonaparte tenta atraí-lo para a sua corte de Kassel, mas os seus protectores dão-lhe uma pensão anual para que permaneça em Viena. Contudo, e por causa da guerra, entre 1811 e 1815 passa por dificuldades económicas.

Em 1815 inicia-se a sua última etapa, à qual pertencem as últimas sonatas para piano, os últimos quartetos, a Grande Fuga para instrumentos de arco, a Missa Solemnis em Ré Maior (acabada em 1823) e, sobretudo, a Nona Sinfonia, cujo último movimento, com seus coros e recitativos (novidade importante), é uma explosão de alegria, admirável num homem que tem motivos mais que suficientes para estar amargurado. Em 1826, as doenças sucedem-se: pneumonia, hidropisia, cirrose hepática.

Não faltam admiradores e protectores a Beethoven e, em 1815, no momento do Congresso de Viena, celebra-se uma grande recepção em sua honra. O seu carácter torna-o brusco em parte por causa da surdez, mas também pelos seus fracassos sentimentais. Conhece Goethe e é visitado pelos grandes músicos da época: Cherubini, Schubert, Listz (ainda muito jovem), Rossini e outros. A sua influência sobre as gerações posteriores é enorme, e dele pode dizer-se que transforma a música ocidental, de que é um dos compositores mais representativos.

Ouvir_http://br.youtube.com/watch?v=vQVeaIHWWck

Artigo retirado de_www.vidaslusofonas.pt

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Reuters

A companhia foi fundada pelo alemão Paul Julius Reuter, um pioneiro dos serviços telegráficos. Em 1940, foi realizado um filme de Hollywood sobre Reuter: "A Dispatch from Reuters". Edward G. Robinson representava o imigrante alemão de ascendência judaica que no seu escritório de Londres, em Outubro de 1851, começou a transmitir informações do mercado de acções entre Paris e Londres através do novo cabo telegráfico Calais-Dover.

www.reuters.com

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Brites de Almeida: Uma farense para a história...


Na História de Portugal estão vários nomes femininos que, de uma forma ou de outra, deram um importante contributo na formação do nosso país. De entre os mais marcantes e inspiradores, Brites de Almeida é, certamente, um deles.

O nome, à primeira vista, pode não parecer muito familiar, mas Brites de Almeida é nada mais, nada menos, que a conhecidíssima Padeira de Aljubarrota!

Dividem-se as opiniões no que toca à existência desta personagem- uns acreditam ser apenas um mito inspirado no sentimento de resistência e combate ás invasões castelhanas, outros defendem que a Padeira de Aljubarrota era uma figura femenina que existiu na realidade e que se destacou para sempre na História Nacional pela sua bravura- mas independentemente destas, sabe-se que existiu realmente em Aljubarrota, na época da batalha com o mesmo nome, uma padeira chamada Brites de Almeida. Inclusive, as ruínas da sua casa encontram-se em Alcobaça numa praça com o seu nome e onde também está erguida uma estátua em sua homenagem.

E perguntarão certamente: porquê falar na Padeira de Aljubarrota, num blogue sobre a cidade de Faro? O que tem a Padeira de Aljubarrota a ver com Faro?

Pode parecer estranho à partida, mas acreditem que não se trata de um absurdo, ou de uma qualquer descoordenação de temas. Não. É que Brites de Almeida, dada como a famosa "Padeira de Aljubarrota" que marcou a História, é farense de nascença. É um facto ainda pouco, ou talvez nada divulgado, e por isso, desconhecido para a maioria das gentes da nossa terra, e para o resto dos portugueses em geral.

E para não se ferirem susceptibilidades sobre este assunto, convém ficarem a conhecer a história desta personagem:
Brites de Almeida nasceu em meados do século XVI, em Faro, tinha a nossa cidade na altura, a designação de Santa Maria de Faaron. Era originária de uma família muito humilde, e é geralmente descrita como sendo, já em pequena, uma criança alta, forte e musculada meio "Maria-rapaz" que gostava de se envolver em brigas. Quando tinha 20 anos, os pais morreram e ela usou o pouco dinheiro que eles lhe deixaram para aprender a manejar a espada, algo que só os homens nobres faziam naquele tempo. Então para ganhar dinheiro, Brites entrou em feiras para lutar com homens. Certo dia, um soldado desafiou Brites: se o soldado ganhasse, Brites casaria com ele, se ele perdesse, Brites mata-lo ia. E Brites acabou por vencê-lo...

Mas naquela época, matar um soldado era crime e para fugir à justiça, Brites roubou um bote com o intuito de fugir para Castela, mas um grupo de piratas raptou-a e vendeu-a como escrava. Como era uma verdadeira "mulher coragem", passado um ano Brites consegue fugir para Portugal com mais dois outros escravos portugueses. Algumas versões referem ainda que a embarcação onde Brites se deslocava foi apanhada por uma tempestade e foi parar à praia da Ericeira. Como ainda era procurada pela justiça, Brites cortou os cabelos, disfarçou-se de homem e tornou-se almocreve. Mesmo assim, ainda teve alguns sarilhos, então Brites, já vestida de mulher, apanhou um barco para Valada acabando por ir parar a Aljubarrota.

Já cansada e sem forma de ganhar dinheiro, começou a pedir esmola à porta de um forno. A padeira, que era já idosa, ao olhar para Brites reparou na sua forte constituição e viu que era a pessoa ideal para a ajudar e para continuar o negócio.

Mais tarde, em 1385 deu-se a conhecida batalha. Como a maioria dos portugueses, Brites estava ao lado de D. João, Mestre de Avis e não queria os espanhóis a governar Portugal. Depois de Nuno Álvares Pereira vencer os espanhóis na batalha, Brites liderou o grupo de populares que perseguiu os espanhóis em fuga. Quando regressa a casa, no dia 14 de Agosto do mesmo ano, a padeira encontrou escondidos no forno do pão, sete castelhanos. Á medida que eles iam saíndo do forno, a padeira matava-os à pazada. Existem várias versões, uma refere que Brites cozeu os castelhanos vivos dentro do forno, outras aumentam o número de castelhanos.

A história conta ainda que, quando Brites fez quarenta anos se casou com um lavrador rico que admirava e que chegou a ter filhos.
São várias versões desta lenda, mas é natural que ao longo do tempo, se tenham alterado e acrescentado outros pormenores à história. Porém, sejam alguns factos verídicos ou não, Brites de Almeida é realmente um exemplo da coragem e da bravura lusitana. Mais uma farense que engrandeceu a História do nosso país.

E embora os maiores feitos e proezas de Brites de Almeida, não se tenham destacado necessariamente em Faro e no Algarve, deveriam ser maiores as referências sobre esta figura histórica ser farense. Os farenses e os algarvios têm o direito de saber, que na batalha de Aljubarrota, esteve também na luta uma conterrânea sua, que também pela valentia com que fez frente aos castelhanos, se tornou para sempre, num dos grandes mitos da História de Portugal.

Um dos seus grandes mitos femininos. Mais uma grande mulher farense...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Miguel Torga


Miguel Torga (pseudónimo de Adolfo Correia Rocha)

Nasceu em S. Martinho de Anta (12.08.907) e morreu em Coimbra (17.01.995). É autor de uma obra extensa e diversificada, compreendendo poesia, diário, ficção (contos e romances), teatro, ensaios e textos doutrinários.
Em 1934, ao publicar o ensaio intitulado A terceira voz, o médico Adolfo Rocha adopta expressamente o nome de Miguel Torga. Associando o fitónimo “torga” – evocativo de resistência e de pertinaz ligação à terra, propriedades de um pequeno arbusto do mesmo nome- a "Miguel"- nome de escritores ibéricos (Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno), de artista visionário e genial (Miguel Ângelo) e de Arcanjo com forte motivação semântica (“Quem como Deus”), o poeta (então, com apenas 27 anos) escolhe um programa ético e estético centrado no confessionalismo e na busca de autenticidade.
A dominante autobiográfica é, de resto, uma marca geracional. Não pode esquecer-se que Torga viria a participar, por pouco tempo, no movimento da Presença, vindo a demarcar-se dele, não tanto por força de divergências substantivas mas em virtude de um fortíssimo impulso individualista.
A essa luz de obstinada independência ganha também importância a forte relação que o autor mantem com a terra natal. É sabido, por exemplo, que a Agarez d' A Criação do Mundo (conjunto de seis livros autobiográficos, publicados entre 1937 e 1981) constitui o sucedâneo da sua S. Martinho de Anta, afirmando-se como contraponto apaziguante das muitas peregrinações empreendidas, por escolha livre ou por força das circunstâncias. A partir de certa altura, a dialéctica entre aproximação e distância fixa-se essencialmente em torno de Coimbra (a “Agarez alfabeta”) e das fragas maternais de Trás-os-Montes, onde o poeta volta ciclicamente, sobretudo por ocasião do Natal. Nessa medida, bem pode dizer-se que o regresso constitui, ao mesmo tempo, um prémio e uma revalidação do preito à terra.
Essa dialéctica vivencial aplica-se também ao próprio mundo ficcional criado pelo autor. Um exemplo disto mesmo encontra-se no conto intitulado “A Paga (Contos da Montanha) quando Matilde, “desgraçada” por um Don Juan rústico (o Arlindo), se vê vingada pelos irmãos (Cândido e Albino) regressados do Brasil para, em dia de romaria a S. Domingos, restabelecerem a justiça da terra. Punido na sua capacidade fecundante, o Arlindo constitui o exemplo do varão excessivo, que atraiçoa as leis morais necessárias ao bom funcionamento da comunidade. Por via disso mesmo, o castigo teria de lhe ser imposto por filhos da mesma terra, que a ela voltaram com esse fim, em sinal de pertença eterna.
Esta linha de fidelidade aos espaços maternos e de busca íntima alcança outro tipo de expressão na escrita lírica.
Iniciado em 1928 com o livro Ansiedade (entretanto renegado), o lirismo de Torga ganha corpo através de um conjunto de livros autónomos e ainda por força de um vasto conjunto de poemas espalhados ao longo dos 16 volumes do Diário, publicados entre 1941 e 1993.
Nele comparece a ideia de uma Natureza matricial contraposta às hipocrisias sociais (no que lembra muito o bucolismo de Sá de Miranda); Nele avulta, por outro lado, a noção de que a escrita literária (e a inspiração lírica, em particular) excede o plano da consciência e da programação racional para se inscreverem, de facto, no âmbito da transcendência órfica. De facto, mais do que imitar a realidade, a poesia de Torga reinventa-a sem cessar, tal como Orfeu conseguia modificar a paisagem envolvente através da melodia do seu canto. Para além de tudo, e ainda à semelhança do pastor da Trácia, o objectivo último do poeta é sempre o de resgatar a amada Eurídice (que tem, neste caso, o nome de Pátria), arrancando-a ao negrume do Hades e devolvendo-a à luz e à esperança do futuro.
Na constância do seu projecto cívico e artístico, Miguel Torga revela-se um caso raro de perseverança na ligação à terra em que nasceu: a Trás-os-Montes e a Portugal, por inteiro. Historicamente situado numa encruzilhada onde Tradição e Modernidade se afrontam, o escritor aparece sistematicamente do lado do progresso, tanto em termos estéticos como em termos cívicos. Nessa medida o encontramos claramente alinhado pelo Modernismo, no que a palavra pressupõe de representação livre e criativa de ideias e emoções. Do mesmo modo que o encontramos apostado no combate por uma democracia respeitadora da história e construtora de um futuro responsável.
Mas é justamente a esse nível que se pode assinalar a principal “contradição” do seu ideário. É que, contra as expectativas de alguns, Miguel Torga, que havia contestado vigorosa e repetidamente a “Ordem” do Estado Novo, viria a revelar-se um crítico do Portugal democrático: terciarizado, amnésico, consumista e europeu. Nesse registo de resistência (tantas vezes glosado ao longo do Diário) Torga acaba assim por se integrar definitivamente na linhagem dos poetas e pensadores portugueses de Melancolia, onde se contam nomes como Sá de Miranda, Camões, Oliveira Martins, Antero, Teixeira de Pascoais ou Fernando Pessoa.
O próprio facto de todos eles terem sido, de algum modo, derrotados pela história contribuiu para os converter em poderosa referência contrastiva. Não admira, por isso, que na maioria dos casos evocados, a influência estética tenda a confundir-se com os efeitos do magistério cívico. No que diz directamente respeito a Miguel Torga, é sintomático que, passada apenas uma década sobre a sua morte, ele se tenha já tornado num dos escritores portugueses de mais evidente consumo público, quer através de uma presença significativa no cânone escolar (onde entrou, pela primeira vez, em 1976) quer através de outro tipo de consagração, como seja o patronato de um numeroso conjunto de escolas (de diferentes níveis de ensino) e de bibliotecas. Do mesmo modo, a sua obra tem vindo a ser traduzida para a generalidade dos idiomas europeus e ainda para chinês e japonês. Assinale-se, por fim, o facto bem ilustrativo de Miguel Torga ser, talvez, o escritor mais citado por parte dos titulares de cargos públicos, parlamentares e políticos portugueses, em geral.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

George Wells

A Máquina do Tempo (The Time Machine), 1896
A Guerra dos Mundos (The War of the Worlds), 1898

Herbert George Wells


Nasceu, no dia 21 de setembro de 1866, em Bromley, na Inglaterra. Wells recebeu uma bolsa de estudos para a Escola Normal de Ciência em Londres. Período em que se tornou amigo do famoso biólogo Thomas H. Huxley. Depois da escola, trabalhou como contador antes de se tornar escritor.
Em 1895, Wells publicou seu clássico romance A Máquina de Tempo, sobre um homem que viajava ao futuro. O livro foi um sucesso, em seguida publicou A Ilha de Dr. Moreau (1895), O Homem Invisível (1897), e talvez a sua mais popular novela: A Guerra dos Mundos (1898). A partir de então, ganhou reputação como um pioneiro da ficção científica.
Wells publicou também vários romances cômicos socialmente conscientes que ganharam popularidade especialmente Kipps (1905) e A História de Mr Polly (1910).
Interessado sobre o destino da humanidade, Wells uniu-se a Fabian Society, mas a deixou depois de uma disputa com George Bernard Shaw, outro sócio proeminente. As opiniões socio-políticas controversas de Wells serviram como a base para vários trabalhos que lidavam com o papel da ciência em sociedade e a necessidade por uma paz mundial, sendo desse período: O Esboço de História (1920) e O Trabalho, Riqueza e Felicidade Humana (1932).
Wells ficou conhecido em todo mundo através de uma série de obras que recordavam por vezes a fantasia científica do francês Júlio Verne. As histórias de Wells desafiavam as convicções dos leitores, muitos acreditavam que o mundo se tornaria como o escritor o criava.
Por causa da crítica desfavorável à sua obra comercial, Wells tentou evoluir para um gênero mais dogmático, mas não alcançou tanto sucesso. Suas obras podem classificar-se em novelas puramente literárias, ensaios, novelas de antecipação científica, novelas sociais e obras de divulgação histórica, política e científica.
Em 1904, publicou Guerra Aérea, onde antecipou os efeitos dos bombardeios, que foram realidade da Segunda Guerra Mundial. Wells morreu em 1946.

Obras

The Time Machine (1895 )
The Time Machine, and Other Stories (1896)
The Stolen Bacillus and Other Incidents
The Wonderful Visit
The Island of Dr. Moreau (1896)
The Invisible Man (1897)
The Plattner Story and Others
Thirty Strange Stories
The War of the Worlds
(1898)
Tales of Space and Time When the Sleeper Wakes
The First Men in the Moon (1901)
The Sea Lady
Twelve Stories and a Dream
Anticipations
The Food of the Gods
A Modern Utopia (1905l)
Kipps (1905)
The History of Mr Polly
The New Machiavelli
In the Days of the Comet (1906)
The Country of the Blind and Other Stories
New Worlds for Old (1908)
The Door in the Wall and Other Stories
Tono-Bungay (1909)
Ann Veronica (1909)
The World Set Free (1914)
The Undying Fire
Tales of the Unexpected
Tales of Life and Adventure
Tales of Wonder
Men Like Gods (1923)
The Dream (1924)
Christina Alberta's Father (1925)
The Empire of the Ants and Other Stories
The War in the Air
The Famous Short Stories of H.G.Wells

Jorge Amado (10 de Agosto de 1912 / 6 de Agosto de 2001)

Jorge Amado nasceu a 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, município de Itabuna, sul do Estado da Bahia. Filho do fazendeiro de cacau João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado.
Com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passou a infância. Fez os estudos secundários no Colégio Antônio Vieira e no Ginásio Ipiranga, em Salvador. Neste período, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes.
Publicou seu primeiro romance, O país do carnaval, em 1931. Casou-se em 1933, com Matilde Garcia Rosa, com quem teve uma filha, Lila. Nesse ano publicou seu segundo romance, Cacau.

Formou-se pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, em 1935. Militante comunista, foi obrigado a exilar-se na Argentina e no Uruguai entre 1941 e 1942, período em que fez longa viagem pela América Latina. Ao voltar, em 1944, separou-se de Matilde Garcia Rosa.
Em 1945, foi eleito membro da Assembléia Nacional Constituinte, na legenda do Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido o deputado federal mais votado do Estado de São Paulo. Jorge Amado foi o autor da lei, ainda hoje em vigor, que assegura o direito à liberdade de culto religioso. Nesse mesmo ano, casou-se com Zélia Gattai.
Em 1947, ano do nascimento de João Jorge, primeiro filho do casal, o PCB foi declarado ilegal e seus membros perseguidos e presos. Jorge Amado teve que se exilar com a família na França, onde ficou até 1950, quando foi expulso. Em 1949, morreu no Rio de Janeiro sua filha Lila. Entre 1950 e 1952, viveu na Tchecoslováquia, onde nasceu sua filha Paloma.
De volta ao Brasil, Jorge Amado afastou-se, em 1955, da militância política, sem, no entanto, deixar os quadros do Partido Comunista. Dedicou-se, a partir de então, inteiramente à literatura. Foi eleito, em 6 de abril de 1961, para a cadeira de número 23, da Academia Brasileira de Letras, que tem por patrono José de Alencar e por primeiro ocupante Machado de Assis. Doutor Honoris Causa por diversas universidades, Jorge Amado orgulhava-se do título de Obá, posto civil que exercia no Ilê Axé Opô Afonjá, na Bahia.
A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em braile e em fitas gravadas para cegos.Em 1987, foi inaugurada em Salvador, Bahia, no Largo do Pelourinho, a Fundação Casa de Jorge Amado, que abriga e preserva seu acervo, colocando-o à disposição de pesquisadores. A Fundação objetiva ainda o desenvolvimento das atividades culturais na Bahia.
Jorge Amado morreu em Salvador, no dia 6 de agosto de 2001. Foi cremado, e suas cinzas foram enterradas no jardim de sua residência, na Rua Alagoinhas, em 10 de agosto, dia em que completaria 89 anos.



quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Aristides de Sousa Mendes [1885-1954]

Nasceu em 19 de Julho de 1885, na pequena localidade de Cabanas de Viriato, perto de Mangualde (Portugal).
Estudou Direito em Coimbra, licenciando-se em 1907.A 12 de Maio de 1910, foi noeado cônsul de 2ª classe naa Guiana Britânica, passando depois a exercer funções em Zamzibar, onde ganhou muito prestígio.
Em 1918, em plena ditadura de Sidónio Pais, foi promovido a cônsul de 1ª classe. Devido à sua simpatia pela causa monárquica ficou inactivo de 1919 até 1921, altura em que foi convidado a dirigir o consulado em S. Francisco.Com o golpe de Estado de 28 de Maio de 1926, Sousa Mendes foi nomeado cônsul em Vigo. Apoiando e servindo desde o seu início o regime ditatorial, recebeu várias vezes louvores de Salazar. Todavia, com o afastamento do irmão do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, Sousa Mendes ficou revoltado com o Governo.De 1931 a 1938 foi cônsul em Antuérpia, sendo então transferido para Bordéus. À medida que crescia na Europa o Nazismo, crescia também o número de refugiados, sobretudo judeus. Muitos deles foram para Bordéus, então sob o governo de Vichy. Aí, Sousa Mendes concedeu milhares de vistos a judeus que procuravam escapar ao extermínio nazi. Esta atitude desagradou muito a Salazar, que o destituiu em 1940. Sousa Mendes ainda apelou para o Supremo Tribunal Administrativo e para a Assembleia Nacional, mas de nada lhe valeu. Em Bordéus, porém, foi-lhe erguida uma estátua.
Aristides de Sousa Mendes acabou por morrer em 1954, com imensas dificuldades financeiras. Em 1987, o presidente da República Mário Soares conferiu-lhe, a título póstumo, a Ordem da Liberdade. Em 1989, a Assembleia da República reparou a grave injustiça que lhe fora cometida, reeintegrando-o no serviço diplomático por unanimidade e aclamação.


quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Bíblia de Gutenberg


Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg (cerca da década de 1390 - 3 de Fevereiro de 1468), foi um inventor alemão que se tornou famoso pela sua contribuição para a tecnologia da impressão e tipografia.
Inventou uma liga para os tipos de metal e tintas à base de óleo, além de uma prensa gráfica, inspirada nas prensas utilizadas para espremer as uvas no fabrico do vinho. Tradicionalmente, crê-se que teria inventado os tipos móveis - que não foram mais, no entanto, que uma melhoria dos blocos de impressão já em uso, então, na Europa. Acredita-se que a imprensa foi uma das maiores invenções da humanidade.

A Bíblia de Gutenberg é o incunábulo impresso da tradução em Latim da Bíblia, por Johann Gutenberg, em Mainz, também conhecida em português como Mogúncia Alemanha. A produção da Bíblia começou em 1450, tendo Gutenberg usado uma prensa de tipos móveis. Calcula-se que tenha terminado em 1455. Essa Bíblia é considerada o incunábulo mais importante, pois marca o início da produção em massa de livros no Ocidente.
Uma cópia completa desta Bíblia possui 1282 páginas, com texto em duas colunas; a maioria era encadernada em dois volumes.
Acredita-se que 180 cópias foram produzidas, 45 em pergaminho e 135 em papel. Elas foram impressas, rubricadas e iluminadas à mão em um período de três anos.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Almada Negreiros (1893 - 1970)



José Sobral de Almada Negreiros

(Trindade, S. Tomé, 7 de Abril de 1893 — Lisboa, 15 de Junho de 1970) foi um artista multidisciplinar, pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista português ligado ao grupo modernista.

O 1º Livro Impresso em Portugal foi em FARO



O Pentateuco de Gacon foi concluído em 30 de Junho de 1487. Trata-se de um impressão em 110 fólios, com composição de 30 – 32 linhas.
O prototipógrafo Gacon utilizou tipos metálicos móveis com caracteres hebraicos, letras quadradas e elegantes, de dois tamanhos, sendo a maior usada no texto e a outra, mais larga, nas rubricas.
O primeiro livro impresso em Portugal veio do prelo de Samuel Gacon, editor judeu, operador da primeira oficina tipográfica, situada em Faro. Que evidências existem sobre a «migração» do único exemplar deste livro de Portugal para a Inglaterra? Porque é que o livro continua no Reino Unido?


Porque é que as "nossas" autoridades não reclamam a devolução?


Uma razão pela qual as autoridades do Algarve não reclamam a devolução do Pentateuco impresso por Gacon — e dos outros valiosos livros de origem portuguesa hoje presentes na Biblioteca Bodleiana — é o profundo desprezo que votam ao património histórico e cultural. Basta dar um pequeno passeio pela cidade de Faro para perceber o atentado que se está a dar ao património urbanístico da capital do Algarve. Os atentados à Natureza e ao meio ambiente do Algarve são de dar calafrios a qualquer cidadão sensivel à importância do legado natural e do património histórico.
Nem vale a pena mencionar aqui qualquer detalhe da grande vergonha e demonstração de incompetência que se intitulou "Faro - Capital da Cultura".
É claro que as autoridades responsáveis por estas políticas sempre se recusarão de intervenir a nível oficial junto das autoridades britânicas. Apenas uma iniciativa vinda «de baixo» poderá exercer a necessária pressão.




Temos nós condições para receber o livro, caso fosse devolvido?

Óbviamente que a capital do Algarve não possuiu nos seus Museus, Bibliotecas ou Faculdades qualquer infraestructura adequada para receber esse valioso livro e facilitar o seu acesso aos estudiosos e ao público. Não seria então melhor deixá-lo no Reino Unido, junto com os outros valiosos livros que Bodley «coleccionou»?
Não, claro que não. Mas este livro é um valioso testemunho dos tempos em que Portugal foi uma nação multicultural, onde viviam cristãos, islamitas e judeus, onde se falava português, latim, árabe e hebraico.
Trazer este livro de volta para Portugal seria um sinal para mostrar que desejamos um país aberto a todas as culturas, que queremos tolerar e conviver com todas as culturas que venham até nós...
Trazer o livro para Portugal seria mostar quão desumana foi a política de Manuel I, quando exigiu a expulsão dos judeus e sua conversão forçada ao Catolicismo...
O livro poderia ser facilmente copiado com tecnologia moderna, e desta maneira, estaria acessível a todos os estudiosos...
Bibliografia
Heitlinger, Paulo.
Tipografia: origens, formas e uso das letras. Copyright © 2006 Paulo Heitlinger, ISBN 10 972-576-396-3 , ISBN 13 978-972-576-396-4, Depósito legal 248 958/06. Dinalivro. Lisboa, 2006.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Rómulo de Carvalho / António Gedeão


Rómulo Vasco da Gama de Carvalho / António Gedeão (Lisboa, 24 de Novembro de 1906Lisboa, 19 de Fevereiro de 1997) foi professor, pedagogo, investigador de História da ciência em Portugal, divulgador da ciência e poeta, sob o pseudónimo de António Gedeão.
"Pedra Filosofal" e "Lágrima de Preta" são dois dos seus mais célebres poemas.
Académico efectivo da Academia das Ciências de Lisboa e Director do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa.



Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


www.instituto-camoes.pt

quarta-feira, 25 de julho de 2007

A Ilha Misteriosa

A Ilha Misteriosa, no original em francês L'Île mystérieuse, é o nome de um livro do escritor Júlio Verne, publicado em 1874. Este conta as aventuras de um grupo de abolicionistas americanos que, após uma fuga num balão, encontram uma ilha desconhecida. Por vezes, o nome Ilha Misteriosa é usado simplesmente como referência à Ilha Lincoln, ilha fictícia no oceano Pacífico (34°57′S 150°30′W ), onde a história se desenrola.
A história começa com a fuga de cinco yankees (abolicionistas do Norte) que haviam sido feitos prisioneiros pelos separatisstas (do Sul), em Richmond, durante a Guerra Civil Americana, num balão que os próprios separatistas haviam construído. A companhia de fugitivos é formada por Cyrus Smith, um engenheiro ferroviário e oficial do exército da União, descrito como abolicionista de razão e coração; Neb (diminutivo de Nebuchadnezzar), corajoso e fiel servo afro-americano de Smith; o marinheiro Bonadventure Pencroft; Herbert Brown, jovem protegido de Pencroft e filho do seu capitão já morto; e o jornalista Gideon Spilett, repórter do New York Herald, descrito como pertencente àquela raça de jornalistas que não recuam perante coisa alguma quando se trata de obter uma informação exacta ou de transmiti-la com a menor demora ao jornal de que dependem.
Após voarem, durante vários dias, debaixo de uma tempestade, Smith cai ao mar e desaparece, e os restantes fugitivos acabam por se despenhar no Pacífico, sobre um ilhéu vulcânico não cartografado e aparentemente desabitado. Comparada a um animal monstruoso adormecido à superfície do Pacífico, a Ilha Lincoln, assim baptizada em honra do republicano Abraham Lincoln, tem aproximadamente a extensão de Malta, mas muito mais irregular e menos abundante em cabos, golfos, enseadas ou angras do que esta.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Via Láctea

A Via Láctea é a galáxia onde está localizado o Sistema Solar da Terra. É uma estrutura constituída por cerca de 200.000.000.000 (Duzentos bilhões) de estrelas (algumas estimativas colocam esse número no dobro, em torno de 400.000.000.000) e tem uma massa de cerca de 750 bilhões e um trilhão de massas solares.
A idade da Via Láctea está calculada entre treze e vinte bilhões de anos, embora alguns autores afirmem estar na faixa de quatorze bilhões de anos.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Cozinhas Solares


Dados das Nações Unidas indicam que aproximadamente 2.8 biliões de pessoas não possuem combustível adequado para cozinhar.
O uso da energia solar no preparo de alimentos como arroz, pão, bolos e mesmo carnes, é uma excelente opção para minimizar um problema que atinge quase um terço da população do planeta.


Qualquer pessoa pode construir um fogão destes, para informação detalhada como fazer e o que cozinhar visitar o site.


Informaçao detalhada no site:

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Forte de São Lourenço da Barra de Faro

Fortaleza de Sao lourenço desenho de Vasconcelos, José de Sande, [1730-1808]

... Estas fortalezas eram construídas na sua maior parte com matérias de pouca consciência areia, faxina ou madeira e tendo como alojamentos cabanas de junco e de taboado, estas baterias tinham em geral poucos anos de duração, devido não só à fúria do mar, mas também dos ventos.
Não era antiga a fortaleza de São Lourenço da Barra de Faro, pois a construção foi iniciada no ano de 1653, sob a direcção e desenho do engenheiro Pedro de Santa Colomba, durante o reinado de D.João IV e quando era governador o capitão general do Algarve o conde de vale de reis.

Situada na barra de faro e em chão de arei, a base das suas fundações assentava em grossas traves de pinho, conforme consta da carta do conde de vale de reis para o monarca, referente a 13 de Abril de 1654. ate essa data já se haviam afundado na areia 2000 traves de pinho e ai se vai trabalhando com o calor e por todo o mês de Maio estará capaz de artilharia, um dos quatro baluartes de que se compõe e se entende em dois anos se poderá acabar toda a fortificação.

Também na Torro do Tombo, no Maço nº625, nos papeis do ministério do reino existem documentos datados de lagos a 22 de Junho de 1754, sobre a visita e inspecção que ate ao dia 4 desse mês fizera a todos os pontos fortificados do litoral algarvio o capitão general do reino D.Rodrigo António de Noronha e Meneses e uma planta da fortificação desenhada pelo sargento Mor Engenheiro Romão José do rego e outra da ria de Faro - Olhão por Francisco Lobo Cardinal.
Na planta desenhada pelo Sargento-Mor Romão José do Rego que tudo indica tenha acompanhado o Governador na sua digressão, a fortificação apresenta a traça de uma quadrado de lados iguais, de 15 varas de comprimento, coma bateria voltada ao mar à direita da porta de entrada, os quartéis do lado oposto e ao fundo e em frente à porta uma ermida. Tinha 3 peças de Artilharia, de bronze, montadas na bateria, uma de calibre 3 em bom estado de conservação, outra de calibre 5 e mais outra de calibre 3 todas incapazes de serviço.
No interior da fortaleza existiam mais 3 peças de ferro de calibre 18 que haviam sido trazidas da Bateria da Armona, que se desmoronara pela acção do mar.
Nas anotações feitas na Planta, o sargento-mor Romão José do Rego esclarece que a construção estava em muito bom estado de conservação mas mal situada, pois a barra de faro, para a defesa da qual fora feita, lhe ficava a mais de meia légua de distancia.
Embora em muito bom estado de conservação mas quase inútil para o fim que fora construída a defesa da barra de faro que então se encontrava noutro local a fortaleza de são Lourenço veio a ter praticamente um fim no dia 1 de Novembro de 1755 com a violência do terramoto e sobretudo a violência das ondas do mar que quase arrasaram por completo, deixando-a quase inabitável , pelo que o capitão foi viver para Olhão, ficando apenas 8 soldados que se rendiam 8 em 8 dias.

A ultima informação sobre o funcionamento da fortaleza é datada de 1825 num oficio do governador da praça de faro, a cuja a jurisdição o local da fortaleza pertencia, endereçado ao brigadeiro Duarte José Fava, era a 27 de Maio de 1825 comunicado que esta se encontrava ao abandono.

Hoje em dia se alguém fizer uma tentativa de verificar o local que esta coberto por agua, ainda se pode avistar algumas rochas da fortaleza principalmente em maré vazia e ate as bocas de fogo.


Excertos retirados dos Apontamentos para a Historia das Fortificações da Praça de Faro – Separata nº VIII dos “Anais do Município Faro” 1979 por Carlos Pereira Callixto
impressão Tipografia União.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Batalha do Cabo de Santa Maria em Faro


A Explosão da nau "Nuestra Señora de las Mercedes" (1804)
A 7 de Agosto de 1804 a fragata espanhola de 38 canhões Nuestra Señora de las Mercedes largava de Montevideo para Cadiz, na companhia das fragatas Clara e Fama e sob o comando Dom José de Bustamante, levando a bordo 247 tripulantes e 41 passageiros.A 5 de Outubro de 1804 amanheceram defronte da costa do Algarve, vendo-se a Serra de Monchique a sete léguas a nor-nordeste da posição dos quatros navios. Mas não foi só a serra aquilo que se viu no horizonte: também do lado de terra, avistaram a barlavento quatro navios que se dirigiam na sua direcção, navegando ao largo em boa velocidade.Eram os ingleses Indefatigable, Medusa, Amphion e Lively, sob o comando de Graham Moore. Iniciadas as hostilidades, e quase que ao primeiro tiro de canhão, eis que um pelouro cai na santa bárbara da Mercedes: o navio pulveriza-se a partir das suas águas mortas, indo imediatamente para o fundo o porão onde se alojava a carga. A flutuar permaneceu apenas parte da popa, onde se agarravam desesperadamente os 52 sobreviventes da explosão.Passada de boca em boca, a história da Mercedes foi ganhando contornos míticos, com o valor da sua hipotética carga a aumentar exponencialmente com o passar dos anos e das histórias. Embora os oficiais ingleses tenham estimado a posição da batalha com algum rigor - entre oito e dez léguas a sudoeste do Cabo de Santa. Maria, na posição 36º26’N e 7º40’O – o local do afundamento permanece ignorado até hoje. Num conhecido pesqueiro foram encontrados em Dezembro de 1996 os restos de um casco – denominado Faro A — que jazia ao longo de vinte e quatro metros, elevando-se quase dois metros acima do fundo e ostentando um número ainda não determinado de canhões de ferro – não era a Mercedes. Afinal, o mistério continua.

Reino do Algarve


O Algarve (do árabe "al-Gharb al-Ândaluz", al-Gharb, «o Ocidente»; do "al-Andaluz"), foi considerado, durante séculos, e até à proclamação da República Portuguesa em 5 de Outubro de 1910, como o segundo reino da Coroa Portuguesa — um reino de jure separado de Portugal, ainda que de facto não dispusesse de instituições, foros ou privilégios próprios, nem sequer autonomia — na prática, era apenas um título honorífico sobre uma região/comarca que em nada se diferenciava do resto de Portugal.

Note-se, porém, que nunca nenhum rei português foi coroado ou saudado como sendo apenas "Rei do Algarve" — no momento da sagração, era aclamado como "Rei de Portugal e do Algarve" (até 1471), e mais tarde como "Rei de Portugal e dos Algarves" (a partir de 1471).

terça-feira, 5 de junho de 2007

Guitarra Portuguesa


Breve História da Guitarra PortuguesaA “Guitarra Portuguesa” actual resulta do aperfeiçoamento da “Cítara Europeia” (instrumento introduzido em Portugal na 2ª metade do século XVI, vindo de Itália ou da Flandres e já difundido em meios populares nos finais do século XVII) e da sua fusão com a “Guitarra Inglesa” (parente daquela mas aperfeiçoada em Inglaterra e introduzida em Portugal na 2ª metade do século XVIII pela colónia inglesa do Porto).A ligação da guitarra ao “Fado” só é conhecida a partir da 2ª metade do século XIX, numa altura em que a “Cítara Popular” já teria caído em desuso e a chamada “Guitarra Inglesa” ainda soaria nos salões da Lisboa Romântica. Até esta altura, o “Fado” seria acompanhado pela “Viola de Cinco Ordens de Arame”, instrumento popular muito em voga, com exemplares típicos em todas as regiões, e que teria estado na origem de algumas “fórmulas de acompanhamento” herdadas pela guitarra.A repetição das “fórmulas de acompanhamento” por tocadores de várias gerações acaba por constituir um “vocabulário da guitarra de fado” com “estereótipos de acompanhamento” que são um dos seus elementos de “identificação”.Este instrumento, de sonoridade emotiva, adapta-se com fà dolência do fado e o seu “acasalamento” com a viola (“Guitarra Clássica” ou “Guitarra Espanhola”) é perfeito. Armandinho (1891-1946) é um marco na execução da guitarra portuguesa, criando “escola” onde se vão filiar outros grandes nomes, merecendo, a meu ver, destaque especial Jaime Santos, Raul Nery, José Nunes e Fontes Rocha.Jaime Santos é autor de inúmeros fados e variações, sendo-lhe característica a sua notável execução mecânica, criando uma escola muito particular.José Nunes, oriundo do Porto e inspirado nos “trinados nostálgicos” de Armandinho, no convívio com Salvador Freire e na técnica de Artur Paredes (notável guitarrista de Coimbra que estará em particular destaque num 2º volume que dedicaremos à Guitarra de Coimbra), cria uma nova escola em que, tirando partido das cordas bordões, exprime uma “mágoa ímpar” através de “gemidos e glissandos” muito próprios.Raul Nery, exímio acompanhador e também discípulo de Armandinho, com um ferir de corda e um som inconfundíveis, a par de uma “garra” excepcional, forma com Fontes Rocha, Júlio Gomes e Joel Pina o célebre “Conjunto de Guitarras de Raul Nery”, a junção perfeita de quatro excelentes artistas. O Conjunto de Raul Nery chega a criar com a própria melodia e com o intérprete (Fernando Farinha e Maria Teresa de Noronha, por exemplo), um “todo” tão perfeito que não se imagina outro acompanhamento.Fontes Rocha vai para o “Embuçado” nos finais dos anos 60, ao mesmo tempo que, juntamente com Carlos Gonçalves (guitarra), Pedro Leal (viola) e Joel Pina (viola baixo) acompanha Amália Rodrigues. É nesta época que Alain Oulman produz muita música para os versos de poetas como David Mourão-Ferreira e Pedro Homem de Mello. Essas músicas são depois “arranjadas” por Fontes Rocha que lhes faz “introduções” e “ornamentos” que não se podem mais dissociar das músicas originais. Além disso, obtém, usando uma guitarra de Coimbra com a “afinação de Lisboa” (ver nota), efeitos que valorizam o acompanhamento para aquele tipo de música e para as interpretações de Amália. Podendo considerar-se um discípulo de Armandinho, Fontes Rocha é também o criador duma “Nova Escola”, que se caracteriza pela simplicidade, pelo gosto e pelo partido que se tira da guitarra nas suas mais variadas vertentes. É também autor musical de inúmeros fados.Raul Nery, Jaime Santos e Francisco Carvalhinho são, a meu ver, responsáveis por “estereótipos de acompanhamento” que, pela sua beleza, expressão e apoio ao intérprete vocal, ficaram como sinais de identificação inconfundíveis.A BIOGRAFIA DA GUITARRA está longe de concluída. A simples existência hoje de instrumentistas como Fontes Rocha, Mário Pacheco, Ricardo Rocha, Pedro Caldeira Cabral, António Chaínho, Paulo Parreira, Custódio Castelo ou José Manuel Neto – para só citar alguns – é boa prova de que a história não acaba aqui. E não se surpreenda quem notar neste disco a ausência de alguns deles (ou de outros, estejam eles ou não em actividade). Trata-se dum 1º volume, que só pode ser entendido como uma introdução.Note-se, por fim, a inclusão neste disco do “inclassificável” Carlos Paredes, demasiado heterodoxo para o podermos classificar apenas “de Coimbra” ou “de Lisboa”, embora a ambas pertença. Vindo na linha de seu pai, Artur Paredes, e dotado de um talento ímpar, ele dá uma nova dimensão à guitarra portuguesa, criando e executando peças de rara beleza e de uma técnica excepcional. A ele se deve a universalização da guitarra portuguesa e a sua música vem estimular toda uma nova geração.

Clica em baixo para ouvir Romance de Outono de Raimundo Seixas do CD " Guitarras de 1995" http://www.myspace.com/raimundoseixas
um Grande Guitarrista que tive oportunidade de conhecer numa actuação no Hotel Colina Verde Aparthotel & Golf Maragota - Moncarapacho

“Peter Pan” de James M. Barrie


O autor
Sir James Matthew Barrie, nascido na Escócia em 1860 e falecido em Londres, em 1937, é o criador de Peter Pan, essa personagem que vem povoando os sonhos das crianças de muitas gerações. Escrito inicialmente como um romance para adultos, depois como um livro de arte e como uma peça de teatro, Peter Pan e Wendy só tomaria a forma de livro para crianças em 1911.Em 1929, Barrie doou os direitos autorais de Peter Pan para o Hospital infantil de Great Ormond Street, em Londres.

Vive na Terra do Nunca, tem uma amiga que é uma fada e é odiado por um pirata. Peter Pan é um rapazinho invulgar e o herói desta história, que já celebra 100 anos.

“Todas as crianças crescem, excepto uma. ”Quem não conhece Peter Pan, o rapazinho endiabrado, que teima em não crescer e que vive, na companhia da fada Sininho, num mundo de fantasia chamado Terra do Nunca? A história de Peter transformou-se num dos maiores clássicos da literatura infantil de todos os tempos. Aliás, hoje em dia, Peter Pan já não habita apenas as páginas do romance do dramaturgo e novelista escocês Sir James Matthew Barrie, pois são vários os filmes, séries televisivas e desenhos animados que retratam as aventuras da personagem. Ora, o que poucos imaginarão ao olhar para a aparência infantil e cheia de frescura de Peter Pan é que este menino já é centenário.
A personagem surgiu pela primeira vez no romance de J.M. Barrie “The Little White Bird” (“O Pequeno Pássaro Branco”), em 1902. Trata-se, no entanto, de uma aparição fugaz numa história em que o protagonista passeia com um rapazinho e lhe conta a história de uma criança que não quer crescer. O real nascimento de Peter Pan, que faz dele o centro de todas as atenções, é a peça de teatro infantil com o seu nome, que sobe ao palco em 1904, em Londres. Ainda assim, Peter seria imortalizado apenas sete anos mais tarde, aquando da edição em livro do romance infantil “Peter and Wendy”, que resulta de uma adaptação da peça de teatro, feita pelo próprio J.M. Barrie.

O elixir da juventude
Qual será então o segredo de Peter Pan para não crescer nem envelhecer, apesar da idade já avançada? Trata-se de uma personagem peculiar, bem mais complexa do que as suas aventuras fantasiosas e cheias de acção poderão sugerir. Peter Pan não é apenas uma personagem que não quer crescer, pois todas as crianças que o acompanham também não se querem tornar adultos.
O que faz dele especial é o facto de ter consciência do que implica crescer e, por isso mesmo, se recusar, em absoluto, a fazê-lo. Como? É fácil: esquecendo. Peter Pan limpa da memória tudo o que não lhe interessa, incluindo essa mesma consciência. Ou seja, apaga da lembrança tudo o que não gosta, tornando todas as coisas efémeras e impedindo-as de lhe causar sofrimento ou de lhe fazer falta. Peter Pan é uma espécie de último sobrevivente, aquele que resiste até ao limite, e que usa todos os meios para se manter tal como é. Um objectivo que o leva ao ponto de se esquecer do amor da sua mãe, passando a defender que “todas as mães servem apenas para contar histórias”. Curiosamente, Peter Pan acaba por esquecer- se das próprias histórias que vai vivendo. Para saber o que fez no passado, vê-se obrigado a ouvir as histórias contadas por raparigas que, como Wendy Darling, fazem o papel de sua mãe. Claro que, pouco tempo depois de ouvir as histórias, Peter vai esquecer-se delas novamente. E assim sucessivamente...
As fadas também morrem
No livro de J.M. Barrie, conhecemos Peter Pan através de Wendy, uma rapariga que vive com os pais e os dois irmãos mais novos que, certo dia, são visitados por Peter Pan e pela fada Sininho. Os três pequenos decidem, então, voar com Peter Pan até à Terra do Nunca, na Ilha da Fantasia, juntandose aos “rapazes perdidos”. A partir daí, sucedem-se uma série de aventuras típicas da imaginação das crianças, em cenários difíceis de imaginar por um adulto. As personagens do romance são igualmente exóticas: piratas malvados, liderados pelo Capitão Gancho, inimigo de Peter Pan, que perdeu a mão direita quando um crocodilo (que tem um despertador na barriga) a comeu. Há também os índios peles-vermelhas, que combatem regularmente com os piratas, em sangrentas batalhas. Além dos animais estranhos, há ainda as fadas, personagens fundamentais para que as crianças possam viver na Terra do Nunca e, por exemplo, voar. A impulsiva Sininho é a mais conhecida de todas, pois acompanha Peter Pan em todas as suas aventuras. Na verdade, todo o ciúme que Sininho sente em relação a Wendy sugere uma interessante paixão da fada pelo herói dos “rapazes perdidos”. Já agora, para quem não acredita em fadas, não se esqueçam de que, de cada vez que alguém diz que não acredita que as fadas existem, há uma delas que morre... É Peter Pan quem o garante.
Por DIEGO ARMÉS DOS SANTOS

quinta-feira, 31 de maio de 2007

O Ultimo Grande Herói “João Garcia”


Nascido na capital portuguesa, João Garcia iniciou sua prática de montanhismo quando em 1982, então com 15 anos, se deslocou de bicicleta à Serra da Estrela e aí com o Clube de Montanhismo da Guarda (CMG) começou a praticar a escalada em rocha. No ano seguinte (1983), iniciou-se na prática de escalada em neve e gelo. Em 1984 acompanhou o CMG numa expedição aos Alpes, tendo dessa vez ascendido entre outras montanhas, pela primeira vez ao Monte Branco (4807 m). Nos anos seguintes ascendeu a inúmeros cumes dos Alpes.
Simultaneamente foi atleta de competição de
triatlo, desporto que lhe possibilitava adquirir a resistência física necessária para superar as múltiplas dificuldades no montanhismo. Em 1990 foi seleccionado para uma comissão de serviço de três anos no Quartel Supremo das Forças Aliadas na Bélgica.
Em 1993 iniciou a sua actividade como himalaísta, integrando uma expedição internacional polaca (liderado por
Krzysztof Wielicki à montanha Cho-Oyu (8201 m) no Tibete. A ascensão foi realizada por uma nova via sem uso de oxigénio artificial. A partir daí ascendeu a inúmeros cumes dos Himalaias, entre os quais mais seis das 14 montanhas com mais de 8000 metros. Esses cumes são 1994: Dhaulagiri (8167 m); 1999: Evereste (8848 m) ; 2001: Gasherbrum II (8035 m) ; 2004: Gasherbrum I (8035 m) ; 2005 : Lhotse (8516 m) ; Kanchenjunga (8586 m).
Foi o primeiro português a ascender ao cume do
Evereste (8848 m), em 18 de Maio de 1999, pela Face Norte, e como sempre sem recurso a oxigénio artifical. No entanto o seu colega de escalada, o belga Pascal Debrouwer, caiu numa ravina durante a descida e morreu. João Garcia teve de ser internado num hospital de Saragoça, em Espanha, onde lhe amputaram alguns dedos de uma mão.
João Garcia já escalou seis dos sete cumes mais altos dos 7 'continentes':
Evereste (Ásia), Aconcágua (América do Sul), Monte McKinley (América do Norte), Elbrus (Europa), Maciço Vinson (Antárctida) e Kilimanjaro (África). Resta-lhe a Pirâmide Carstensz (Oceania).
Iniciou em 2006 com a ascensão ao
Kanchenjunga (8586 m), no Nepal o projecto "À conquista dos Picos do Mundo", onde João Garcia pretende escalar (e sem recurso a oxigénio), entre 2006 e 2010, oito das 14 montanhas com mais de 8000 metros, totalizando assim em 2010 as 14 montanhas com mais de 8000 metros. Em 22 de Maio de 2006 João Garcia atinge com o alpinista equatoriano Iván Vallejo o cume do Kanchenjunga.
No mesmo ano, 2006, João Garcia liderou uma expedição 100% portuguesa ao
Shishapangma (8046 m), que integrou, para além de João Garcia, os alpinistas Bruno Carvalho, Hélder Santos, Rui Rosado, e Ana Santos. O jornalista Aurélio Faria acompanhou grande parte da expedição. O cume foi atingido no dia 31 de Outubro, por João Garcia, Bruno Carvalho e Rui Rosado. Durante a descida Bruno Carvalho faleceu após uma queda.
João Garcia é actualmente o único português “cameraman” de altitude e de condições extremas, tendo já realizado vários documentários sobre as suas expedições, e que têm sido transmitidos nas televisões portuguesas. João Garcia é também autor do livro “A Mais Alta Solidão”, que já vendeu mais de 30 mil exemplares; e do livro "Mais Além - Para Além do Evereste", lançado em Fevereiro de 2007, e que foi dedicado a Bruno Carvalho.
É ainda embaixador da prevenção contra a SIDA 2006--2009 MS.

João Garcia prepara no momento a expedição ao K2 (8 611m) cuja ascensão será iniciada em Maio de 2007.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Nações Unidas


A Organização das Nações Unidas (ONU) foi fundada oficialmente a 24 de Outubro de 1945 em São Francisco, Califórnia por 51 países, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. A primeira Assembleia Geral celebrou-se a 10 de Janeiro de 1946 (em Westminster Central Hall, localizada em Londres). A sua sede actual é na cidade de Nova York.
A precursora das Nações Unidas foi a Sociedade de Nações (também conhecida como "Liga das Nações"), organização concebida em circunstâncias similares durante a Primeira Guerra Mundial e estabelecida em 1919, em conformidade com o Tratado de Versalhes, "para promover a cooperação internacional e conseguir a paz e a segurança".Em 2006 a ONU tem representação de 192 Estados-Membros - cada um dos países soberanos internacionalmente reconhecidos, excepto o Vaticano, que tem qualidade de observador, e países sem reconhecimento pleno (como Taiwan, que é território reclamado pela China, mas de reconhecimento soberano por outros países).
Um dos feitos mais destacáveis da ONU é a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos
http://www.unhchr.ch/udhr/lang/por.htm
em 1948.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Fernão de Magalhães


Nascido por volta de 1480, desconhecem-se muitos passos dos primeiros tempos da vida deste navegador. Onde terá nascido? Em Trás-os-Montes? No Porto? Ou no Entre Douro e Minho? Cotou-se, sem dúvida, como um dos grandes navegadores quinhentistas ao idealizar, conceber e preparar, com persistência e vontade inabalável, uma das maiores façanhas do seu tempo: a primeira circum-navegação do Globo. Elemento da nobreza provinciana procura, de início, no Além-mar a fama e glória pelos feitos de armas. Logo em 1505 parte para a Índia numa armada comandada por D. Francisco de Almeida. Nos mares do Índico permanecerá oito anos. Acompanha Diogo Lopes Sequeira a Malaca em 1509, naufragando no regresso; participa na conquista de Goa ao lado de Afonso de Albuquerque no ano de 1510; no ano seguinte faz parte do contingente, também liderado por Afonso de Albuquerque, que toma a estratégica cidade de Malaca. Entretanto, ainda no Oriente, estabelece uma relação muito próxima com Francisco Serrão, que veio a ser o feitor das ricas ilhas das Molucas. Através desta amizade e, posteriormente, duma troca epistolar regular tem acesso a informações preciosas, de âmbito cartográfico e geográfico, acerca da localização daquelas ilhas, onde abundavam as especiarias. De volta a Lisboa, em 1513, incorpora nesse mesmo ano as forças que sob o comando de D. Jaime, Duque de Bragança, tomam a praça marroquina de Azamor. Responsável pelos despojos da conquista, é acusado da forma pouco clara como repartiu as "presas". Terá esse facto contribuído, certamente, para a sua má reputação na Corte, pois só assim se compreende que D. Manuel o tenha votado ao ostracismo, negando-lhe uma recompensa para os seus feitos guerreiros. Sentindo-se alvo de injustiça, Magalhães dedica-se por inteiro, juntamente com o cosmógrafo Rui Faleiro, a gizar um plano de uma navegação por ocidente, para tentar provar que as ilhas Molucas se encontravam fora do hemisfério português definido pelo Tratado de Tordesilhas (1494). Dirige-se então para Sevilha, aí chegando a 20 de Outubro 1517, juntando-se-lhe mais tarde os irmãos Faleiro, Rui e Francisco, que o auxiliam nos problemas técnicos do projecto. Com o decisivo apoio de João de Aranda, feitor da Casa de la Contratacion, é obtida a anuência do rei espanhol (futuro imperador Carlos V) para a expedição, que disponibiliza uma esquadra de cinco naus. Providos de uma tripulação de 265 homens, os navios, com Fernando de Magalhães por capitão-mor, zarpam de San Lúcar de Barremeda a 20 de Setembro de 1519. Desejava Fernão Magalhães circum-navegar o Globo? Ou prendia simplesmente tocar as ilhas Molucas e regressar? Ao certo não sabemos. O que interessa realmente aqui sublinhar é que um tal projecto continha inúmeros riscos e suscitava desconfianças e incertezas. Com efeito, o que Fernão de Magalhães se propunha efectuar – mostrar que as ilhas Molucas se encontravam fora do hemisfério português – era um enorme desafio técnico e humano. Para mais quando até ao momento fora impossível delimitar de forma rigorosa as zonas de influência, espanhola e portuguesa, definidas em Tordesilhas.
Em 1519 a pequena armada aporta ao Rio de Janeiro; no mês seguinte penetra no Rio da Prata; em finais de Março de 1520 faz a sua entrada no estreito que virá a ter o nome do navegador português. Durante a viagem sucedem-se as peripécias, as conspirações, as insubordinações - sempre debeladas pelo capitão-mor - de uma tripulação exausta e desconfiada com o insucesso do empreendimento. Por fim, em Novembro de 1520 os navios entram no Oceano Pacífico, e poucos meses depois (Abril de 1521) Fernão de Magalhães é morto numa escaramuça na ilha de Cebu (Filipinas). A esquadra reduz-se agora a dois navios. Um deles, a nau "Victoria", comandada pelo espanhol Sebastião Delcano, segue viagem pela rota do cabo, procurando víveres em Cabo Verde. Posto a descoberto pelos portugueses, o navio segue de imediato para San Lucar de Barremeda, onde chega a 6 de Setembro de 1522 com uma tripulação de apenas 18 homens! Estava concluída a primeira viagem à volta do Mundo. Muitos paradigmas geográficos caíam assim por terra. Tal viagem terá de ser obrigatoriamente entendida à luz das estratégias e ambições que se desenhavam na época: a internacionalização dos problemas políticos; a fuga de técnicos de um para o outro lado da fronteira peninsular; a rivalidade crescente entre os reinos ibéricos, e as tentativas para o seu apaziguamento; o desafio de outras potências europeias à doutrina do "Mare Clausum".


Carlos Manuel Valentim

quarta-feira, 9 de maio de 2007

O Santuário de Fátima

O Santuário de Fátima, localizado na Cova da Iria, freguesia de Fátima (Portugal) é um dos mais importantes Santuários Marianos do mundo. Em 1917, Jacinta Marto, Francisco Marto e Lúcia de Jesus (conhecidos por os três pastorinhos), afirmaram ter presenciado várias aparições de Nossa Senhora. Numa dessas aparições ela lhes teria dito para construírem uma capela naquele lugar, que actualmente é a parte central do Santuário onde está guardada uma imagem de Nossa Senhora. No decorrer dos anos o Santuário foi sendo expandido. A Basílica começou a ser contruída em 1928, em estilo neo-barroco, segundo um projecto do arquitecto neerlandês G. Van Kriecken, vindo a ser sagrada em 1953. Neste momento encontra-se em curso a construção de uma Igreja com 9.000 lugares sentados, uma obra da autoria do Arq. Alexandros Tombazis.

Anualmente mais de cinco milhões de visitantes, de todos os países ali se deslocam. As maiores peregrinações ocorrem anualmente nos dias 12 e 13 de Maio a Outubro, sendo tradicionalmente feitas a pé. Pelo mundo inteiro foi difundido o Culto a Nossa Senhora de Fátima, graças às viagens das Virgens Peregrinas (imagens de Nossa Senhora que percorrem vários países) e aos emigrantes portugueses. Assim é possível encontrar várias igrejas, paróquias, dioceses, escolas, hospitais, monumentos etc. dedicadas a Nossa Senhora de Fátima.
O actual reitor deste santuário é o Padre Luciano Gomes Paulo Guerra.

Os três videntes de Fátima!

LÚCIA DE JESUS
A principal protagonista das Aparições nasceu em 22 de Março de 1907, em Aljustrel, paróquia de Fátima, e faleceu no dia 13 de Fevereiro de 2005. Em 17 de Junho de 1921, ingressou no Asilo de Vilar (Porto), dirigido pelas religiosas de Santa Doroteia. Depois foi para Tuy, onde tomou o hábito, com o nome de Maria Lúcia das Dores. Fez a profissão religiosa de votos temporários em 3 de Outubro de 1928 e, em 3 de Outubro de 1934, a de votos perpétuos. No dia 25 de Março de 1948, transferiu-se para Coimbra, onde ingressou no Carmelo de Santa Teresa, tomando o nome de Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado. No dia 31 de Maio de 1949, fez a sua profissão de votos solenes. A Irmã Lúcia veio a Fátima várias vezes: em 22 de Maio de 1946; em 13 de Maio de 1967; em 1981, para dirigir, no Carmelo, um trabalho pictórico sobre as Aparições; em 13 de Maio de 1982, 13 de Maio de 1991 e 13 de Maio de 2000.

FRANCISCO MARTO

Nasceu em 11 de Junho de 1908, em Aljustrel. Faleceu santamente no dia 4 de Abril de 1919, na casa de seus pais. Muito sensível e contemplativo, orientou toda a sua oração e penitência para "consolar a Nosso Senhor". Os seus restos mortais ficaram sepultados no cemitério paroquial até ao dia 13 de Março de 1952, data em que foram trasladados para a Basílica da Cova da Iria, lado nascente.

JACINTA MARTO

Nasceu em Aljustrel, no dia 11 de Março de 1910. Morreu santamente em 20 de Fevereiro de 1920, no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, depois de uma longa e dolorosa doença, oferecendo todos os seus sofrimentos pela conversão dos pecadores, pela paz no mundo e pelo Santo Padre. Em 12 de Setembro de 1935 foi solenemente trasladado o seu cadáver do jazigo da família do Barão de Alvaiázere, em Vila Nova de Ourém, para o cemitério de Fátima, e colocado junto dos restos mortais do seu irmãozinho Francisco. No dia 1 de Maio de 1951, efectuou-se, com a maior simplicidade, a trasladação dos restos mortais de Jacinta para o novo sepulcro preparado na Basílica da Cova da Iria, lado poente. O processo de beatificação dos Videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto, depois das primeiras diligências feitas em 1945, foi iniciado em 1952 e concluído em 1979. Em 15 de Fevereiro de 1988, foi entregue ao Santo Padre João Paulo II e à Congregação para a Causa dos Santos a documentação final levou o Santo Padre a proclamar "beatos" os dois videntes de Fátima, a 13 de Maio de 2000. O último passo será, como esperamos, a canonizacão, pela qual serão declarados "santos".

quarta-feira, 2 de maio de 2007

História das Aparições de Fátima

A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos. Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma "Senhora mais brilhante que o sol", de cujas mãos pendia um terço branco. A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de Junho, Julho, Setembro e Outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria. A 19 de Agosto, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém. Na última aparição, a 13 de Outubro, estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a "Senhora do Rosário" e que fizessem ali uma capela em Sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em Julho e Setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra. Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13/14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de Julho de 1917, na parte já revelada do chamado "Segredo de Fátima". Anos mais tarde, a Ir. Lúcia conta ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, tinha aparecido um Anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência. Desde 1917, não mais cessaram de ir à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, primeiro nos dias 13 de cada mês, depois nos meses de férias de Verão e Inverno, e agora cada vez mais nos fins de semana e no dia-a-dia, num montante anual de quatro milhões.

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